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Crítica: com pinceladas de Shakespeare, peça virtual dá plenos poderes ao público

Espetáculo Parece Loucura Mas Há Método convida espectador a 'eliminar' personagens criados pelo célebre dramaturgo inglês

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 11 ago 2020, 17h35 - Publicado em 11 ago 2020, 17h18

As reuniões de videoconferência necessitam de organização para que um participante não interpele o outro. Ao transpor, em tempos de pandemia, o teatro para esse tipo de plataforma, um dos grandes desafios dos encenadores – principalmente quando há muitos atores em cena – é fazer com que cada um seja ouvido.

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A Armazém Companhia de Teatro foi engenhosa ao criar Parece Loucura Mas Há Metódo, peça virtual apresentada pelo aplicativo Zoom. Dirigidos por Paulo de Moraes, dez atores transformam o espaço de videoconferência num campo de duelos.

O Mestre de Cerimônias (Sérgio Machado) explica tudo e convida o espectador a participar ativamente da peça-jogo. Nove personalidades shakesperianas – que não revelam seus nomes – se apresentam rapidamente e, já de bate-pronto o público deve eliminar um deles.

A partir daí, começam os duelos entre os personagens – definidos por sorteio – e os espectadores têm o poder de eliminar um jogador a cada etapa, por uma enquete, até que o vencedor seja eleito. Portanto, nenhuma sessão é igual a outra. Teatro na essência, mesmo que através de uma tela.

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Cada ator participa de sua casa, com poucos adereços cênicos. O foco está no texto de Shakespeare. Além de definir quem segue ou quem sai da disputa, a graça, para o espectador, é tentar descobrir quem são ou de que obra saiu aquele personagem.

Parece Loucura Mas Há Método: Luis Lobianco (Fallstaf) e Vilma Melo (Henrique V) duelam em cena (Armazém Companhia de Teatro/Divulgação)

É um deleite ver Luis Lobianco interpretando o bufão Falstaff, que aparece em As Alegres Comadres de Windsor e Henrique V, assim como as atuações de Patricia Selonk, que dá vida a Ricardo II, e Vilma Melo (Henrique V), ainda que curtinhas, são de encher os olhos. Destaque também para o Iago de Charles Fricks e Kelzy Ecard como Faulconbridge.

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A música e os efeitos sonoros ajudam a criar uma atmosfera de tensão, mas em alguns momentos o volume fica alto demais, prejudicando a compreensão do texto.

Para quem até outro dia torcia o nariz para peças de teatro interativas, o modelo on-line se mostra uma boa opção para ‘prender’ o espectador e fazê-lo essencial para a trama, sem a necessidade de subir ao palco ou falar alguma coisa.

Ao fim do espetáculo, os atores dizem ‘somos feitos da mesma matéria dos sonhos’. As janelas – e os microfones – do público se abrem para os aplausos e a sensação é de estar numa plateia de verdade. Para viver da arte, é necessário seguir sonhando.

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