Carne aborda questões ligadas à feminilidade
Espetáculo é aparentado da performance e flerta com as artes plásticas
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Qualquer tentativa de análise ou mesmo de uma mera apreciação de Carne pela régua da dramaturgia convencional seguramente resultará em frustração — o que não configura, em si, um demérito. Idealizado pelas atrizes Daniela Amorim e Karine Teles (ambas em cena, alternando-se com Dyonne Boy), o espetáculo é primo-irmão da performance e se avizinha das artes plásticas. Tendo essa zona fronteiriça em mente, o espectador pode se deixar levar por uma experiência estética incomum, evocativa de questões ligadas à feminilidade. Na primeira parte, Daniela se exibe em um peep show (sem nudez), enquanto o público ao seu redor ouve um texto que funde sexualidade e lirismo. Adiante, na mesma sala, Karine literalmente serve um jantar ao público e encena um parto performático — muito distante da imagem geralmente associada ao nascimento de um bebê, e ao mesmo tempo tão próxima. Os pratos que os espectadores degustam, vale observar, remetem à parição. Ao fim, a plateia é convidada a admirar a escultura de uma senhora nonagenária seguindo “instruções” poéticas. Atípico, sem dúvida, mas fascinante para quem se dispõe a embarcar na proposta (70min). 16 anos. Estreou em 16/10/2014.
Centro Cultural Banco do Brasil — Sala A Contemporânea (20 lugares). Rua Primeiro de Março, 66, 2° andar, Centro, ☎ 3808-2020, ↕ Uruguaiana. → Quinta a segunda, 19h30. R$ 10,00. Bilheteria: a partir das 10h (qui. a seg.). Até 22 de dezembro.
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