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Mulheres dominam o palco em nova produção do Cirque du Soleil

Com inédito elenco majoritariamente feminino, "Amaluna" faz história na trupe canadense ao abordar o empoderamento feminino

Por Renata Magalhães
Atualizado em 22 dez 2017, 10h45 - Publicado em 22 dez 2017, 10h45

Pendurada por tecidos a 19 metros de altura — o equivalente a um prédio de seis andares —, uma artista “voa” em círculos sobre a plateia. Em outro momento, acrobatas fazem piruetas de tirar o fôlego sem proteção alguma além dos braços de seus parceiros, que apoiam as aterrissagens. Luz, música e cenários exuberantes realçam a beleza e a técnica apurada dos números apresentados em um inconfundível espetáculo do mundialmente conhecido Cirque du Soleil. A novidade, o toque diferente de Amaluna, montagem da trupe canadense que estreia no Rio na quinta (28), é a tão em voga questão de gênero: o poder feminino domina a cena pela primeira vez na história da companhia e de forma avassaladora. Em uma enorme tenda, com capacidade para 2 600 pessoas, montada no Parque Olímpico, o público vai encontrar trinta mulheres entre os 46 integrantes do elenco. A banda encarregada da música ao vivo é totalmente composta de mulheres. “É um show completamente conduzido por elas. Sim, temos homens em cena, mas o espetáculo abrange todos os aspectos da vida de uma mulher”, explica a assistente de direção artística Georgia Stephenson.

Lançado em abril de 2012 na cidade de Montreal, sede do grupo, Amaluna já foi exibido em trinta cidades de dez países e atraiu mais de 4 milhões de pessoas — em São Paulo, a escala anterior, os dois meses de temporada tiveram sessões esgotadas. “Quis criar um show em que as mulheres fossem apresentadas como heroínas”, conta a diretora Diane Paulus, vencedora do Tony, o maior prêmio do teatro americano, e eleita pela revista Time, em 2014, uma das 100 pessoas mais influentes do ano. A peça ins­pira-se no clássico A Tempestade: em Amaluna, Próspero, protagonista do texto de William Shakespeare, chega ao picadeiro transformado em Prospera, rainha da ilha cujo nome batiza a encenação. Uma trama conduz os números circenses. Esse lugar misterioso é governado por deusas, regido pelas fases da lua — histórias da mitologia grega e nórdica também temperam a narrativa — e habitado inteiramente por seres do sexo feminino. “Prestamos tributo ao trabalho e à voz das mulheres”, reforça o diretor de criação Fernand Rainville.

Em outra referência shakespeariana, o principal personagem masculino, interpretado pelo bailarino russo Evgeny Kurkin, chama-se Romeu e vive um amor impossível. “O espetáculo aborda encontros e os relacionamentos formados a partir deles. Essa temática é universal, mas, em um mundo ainda dominado pelos homens, é muito bom termos essa oportunidade de mostrar um olhar diferente”, diz ele. Que ninguém, no entanto, espere por uma apresentação panfletária em forma de circo contemporâneo. Público-alvo do Cirque du Soleil em todo o planeta, famílias inteiras vão deixar de lado questões de identidade e aplaudir com entusiasmo cenas como a de Kurkin e a contorcionista ucraniana Iuliia Mykhailova em uma gigantesca taça cheia d’água.

(Quadro/Veja Rio)

Em cartaz no Brasil pela sexta vez, o grupo tem tudo para repetir no Rio a casa cheia que teve em sucessos como Saltimbanco (2006) e Varekai (2013). O Cirque du Soleil é coisa nossa — alguns de seus integrantes, inclusive, têm intimidade com o país. Percussionista da banda, a canadense Mireille Marchal já morou no Rio e, durante a produção de Amaluna, sugeriu aos autores da trilha sonora algumas referências carnavalescas. Gerente de cozinha, responsável pela produção de 250 refeições diárias (veja outros números grandiosos no quadro acima), Pim Valken é casado com a brasiliense Mariana Motta e aprendeu muito sobre a cozinha brasileira. Feijoada e moqueca aparecem no cardápio com frequência. “Se eu deixasse, eles comeriam pão de queijo o dia inteiro”, confidencia o mestre-cuca. Como ele controla a dieta da turma, o circo, em grande forma, está de volta à cidade — e com as mulheres no comando.

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