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Covid: infecção em quem já foi imunizado não é falha da vacina, diz médico

O intensivista Luis Fernando Correia explica que todas as vacinas são eficazes e reforça a importância da imunização para a proteção individual e coletiva

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 ago 2021, 17h17
vacina e seringa com cepa do coronavírus
75% da população elegível imunizada: no sábado a cidade do Rio alcançou este patamar. (WilFried Pohnke/ Pixabay/Reprodução)
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A infecção pela Covid-19 por pessoas que já foram imunizadas com a vacina de dose única ou duas doses, conforme ocorreu com o ator Tarcísio Meira, de 85 anos, que faleceu nesta quinta (12), em decorrência da doença, não demonstra ineficácia da vacina (no caso dele, ele havia recebido duas doses da CoronaVac). Ao contrário. Sua morte deve ser encarada como um incentivo à vacinação em massa.

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Médico Intensivista formado pela Escola de Medicina e Cirurgia da Unirio e membro do American College of Physicians, Luis Fernando Correia explica que o principal objetivo dos imunizantes disponíveis – independentemente do fabricante – é evitar que a Covid-19 evolua para quadros mais graves, mas reforça que mesmo quem já foi vacinado pode ser infectado, sim, e transmitir a doença, sobretudo em locais em que a taxa de contaminação segue alta, em que não há cobertura vacinal em massa e diante da circulação da variante Delta no país (uma cepa altamente transmissível).

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“Nenhuma vacina é 100% eficiente e nem pode ser. Elas diminuem de maneira importante (e quando digo isso eu falo acima de 90%) as chances de alguém desenvolver formas mais graves da doença ou mesmo da necessidade de UTI e até a morte. Mas infelizmente não se consegue proteger 100% das pessoas desses problemas. Porque, além da própria Covid, as pessoas têm seus problemas de saúde prévios, que podem se agravar como infecção viral mais séria ou até mesmo quando um paciente precisa ir para o Centro de Terapia Intensiva, passar por ventilação mecânica, outras complicações podem aparecer independentemente da Covid”, explica o especialista.

Eis o caso do ator. Internado desde 6 de agosto no Hospital Albert Einstein, Meira desenvolveu um quadro que inspirava cuidados, uma vez que estava intubado na UTI e passava por diálise continua nos rins, de acordo com o último boletim médico divulgado.

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“Normalmente são essas complicações que levam o paciente à morte e não a doença original (a Covid-19). Então, é importante entender que as vacinas são seguras, elas diminuem de maneira muito grande a necessidade de internação ou até a mesmo a morte, mas não impedem a contaminação ou a fatalidade”, reitera Correia.

À parte as comorbidades, outro fator ajuda a explicar a fatalidade no caso do ator, embora rara. Um levantamento da Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista), aponta que pessoas completamente vacinadas representaram somente 3,68% das mortes por Covid-19  no Brasil entre 28 de fevereiro e 27 de julho. Entre os imunizados, idosos com mais de 70 anos, a exemplo de Tarcísio Meira, são as principais vítimas.

Segundo a pesquisa, dos 9 878 mortos com o esquema vacinal completo, 8 734 tinham mais de 70 anos. Ou seja, entre os idosos é preciso considerar características que possam agravar o quadro. É comum ainda que o sistema imunológico sofra um declínio natural de suas funções com o avançar dos anos. “Isso faz parte do processo natural do envelhecimento”, diz Luis Fernando Correia. Na prática, embora longe de ser regra, isso pode ser que o estímulo fornecido pelas vacinas não seja suficiente para gerar uma resposta imune satisfatória contra a doença, deixando os indivíduos mais suscetíveis à contaminação. Mas, vale ressaltar, é fundamental que a população se vacine, a fim de garantir sua proteção individual e atingir, mais à frente, a imunidade coletiva.

“Já se sabe que mesmo indivíduos vacinados completamente, seja com duas doses ou com a de dose única, como a da Janssen, são capazes de ser infectados pelo coronavírus, já que, lembrando, o objetivo é diminuir a chance de uma forma mais grave ou de morte. Por isso, as pessoas podem se infectar e, em especial, com a circulação da variante Delta no Brasil, existe sim um risco muito maior de as pessoas se infectarem, mesmo vacinadas, e de transmitirem a doença para os outros. Daí a importância, neste momento, de todos manterem os cuidados tão falados, como uso de máscara, distanciamento físico, lavar as mãos e estar em ambientes arejados”, reforça Correia.

Ele lembra ainda que as estatísticas mostram que a maior parcela da população vítima da doença corresponde exatamente àqueles que não tomaram a vacina. “Nos Estados Unidos, 99,5% dos que morrem não se vacinaram. Ou seja, não foi uma possível falha da vacina (o que não existe) que os levou à morte, foi o fato de essas pessoas não terem sido vacinadas. É importante entender que todas as vacinas são seguras e protegem a população, mas infelizmente nenhuma é 100% eficaz”, conclui.

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