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O preço da virtude

Drama enigmático de Brecht, Na Selva das Cidades põe em xeque o caráter dos personagens

Por Carlos Henrique Braz
Atualizado em 5 dez 2016, 16h06 - Publicado em 24 ago 2011, 14h32

Considerado um dos textos mais complexos de Bertolt Brecht (1898-1956), Na Selva das Cidades foi montado pelo Teatro Oficina em 1969. Othon Bastos, Renato Borghi e Itala Nandi, nos papéis principais, fizeram temporadas em São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Por 42 anos, nenhuma companhia profissional ousou voltar a encenar o drama ambientado na zona portuária de Chicago em 1912. Embora não seja de fácil assimilação, a peça mantém seu interesse por questionar o caráter dos personagens e separar os que preservam a dignidade dos que cedem à corrupção. O primeiro acerto da produção atual foi a escalação dos atores. Daniel Dantas dá vida ao imigrante malaio e comerciante de madeira Schlink. Marcelo Olinto interpreta o ambicioso George e Maria Luisa Mendonça é sua irmã Maria. Ambos são filhos da família Garga, extremamente pobre, levada à maior metrópole de Illinois em busca de melhor sorte.

Na trama com tintas de Fausto, de Goethe, o inescrupuloso empresário vai à livraria onde o rapaz trabalha e, de forma um tanto inusitada, insiste em obter sua opinião sobre um livro. Diante da recusa do funcionário em responder, o madeireiro oferece progressivas propostas em dinheiro que só terminam quando ele entrega sua empresa ao jovem. No desenrolar dos acontecimentos, George é envolvido em negociatas e acaba preso, enquanto a irmã Maria se prostitui, para desgosto do pai. O diretor Aderbal Freire-Filho quebra o clima pesado distribuindo instrumentos de percussão usados pelos nove atores para pontuar as situações. Em outra solução curiosa, as rubricas das onze cenas são faladas em alemão, com legendas projetadas no fundo do palco. Além disso, a boa direção musical de Marcelo Alonso Neves traz composições de Brecht e Kurt Weill de outros espetáculos, a exemplo de Surabaya Johnny (da comédia musical Happy End) e Die Moritat von Mackie Messer (da Ópera dos Três Vinténs, conhecida pela versão de Chico Buarque, O Malandro Nº 2). Todos esses recursos são bem-vindos: afinal, o espetáculo evolui por duas horas e meia de sessão, com intervalo.

Na Selva das Cidades (150min, com intervalo). 16 anos. Estreou em 11/8/2011. Centro Cultural Banco do Brasil ? Teatro I (175 lugares). Rua Primeiro de Março, 66, Centro,

☎ 3808-2020. Quarta a domingo, 19h. R$ 10,00. Bilheteria: a partir das 10h (qua. a dom.). Até 9 de outubro.

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