Mercado de brownies entra em ebulição e vira guerra
Empresários iniciantes batalham pelo público com o petisco da vez na cidade, o doce de origem americana
Renato diz já ter ouvido que uns e outros usam margarina na receita, credo em cruz. “Não é a nossa onda, definitivamente. Somos gourmets”, garante. Mario espelhou-se, é inegável, na trajetória de Luiz, mas hoje deixa escapar um certo desdém: “O público dele é mais jovem, menos exigente”. Luiz, altivo e líder no setor, agradece a preferência. “Nós nos sentimos lisonjeados por inspirar outras empresas. Não há forma mais concreta de elogiarem nosso trabalho”, diz. Renato Lagden, sócio da mulher, Priscila, na recém-inaugurada Brauni, Mario Colonese, à frente do Brownie do Mario desde 2012, e Luiz Quinderé, dono do Brownie do Luiz, sucesso inspirador dos outros dois, são concorrentes em um mercado cada vez mais acirrado — o dos tradicionais bolinhos de chocolate de origem americana, sucessores do temaki e do frozen yogurt como o petisco da vez entre os cariocas.
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Pelas contas de quem é do ramo, pelo menos quinze fabricantes de brownies entraram em cena nos últimos três anos. Características em comum marcam os novos negócios: todos começaram de forma amadora e agregam charme ao quadradinho doce em embalagens esmeradas, ingredientes inusitados, algum folclore em torno do negócio. É o que faz diferença na receita simples, do tipo que quase todo mundo já testou em casa. Renato e Priscila deixaram o emprego na indústria da moda para testar, na cozinha do apartamento onde moram, chocolate belga com 70% de cacau, flor de sal e até uísque no preparo das 4 000 unidades mensais vendidas em trinta pontos da cidade. Mario Colonese, ex-jogador de futebol, 24 anos, abastece 110 endereços. O campeão Brownie do Luiz chega a cinquenta pontos de venda, dois deles lojas próprias em Laranjeiras e no Leblon.
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O caçula da disputa, Carlos Eduardo Amendola, 35 anos (e, desde 2013, dono do, adivinhe, Brownie do Cadu), também desenvolveu seu produto no aconchego do lar e o oferece aos clientes em nove opções de recheio. Para ele, a briga está só começando. “A concorrência é sadia, ajuda a construir o costume no público carioca”, conta. Aos gulosos de plantão, recomenda-se acompanhar a batalha a distância prudente, de preferência sem contar calorias.