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Bagatelle desponta na noite carioca com direito a garçons fantasiados

Point de endinheirados, o bistrô com clima de noitada rouba o protagonismo do tradicional Club Hippopotamus, de Ricardo Amaral, que ameaça fechar as portas

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 Maio 2018, 07h00 - Publicado em 18 Maio 2018, 07h00

Marcas de salto alto cravadas nos sofás de estofado capitonê e nas cadeiras dão pistas bem fortes sobre a dupla identidade do lugar. Conforme o tempo avança, os pratos do requintado cardápio de cozinha francesa ganham a concorrência de uma noitada de estilo ímpar. O DJ entra em cena, enquanto garçons e garçonetes bonitos de doer tratam de animar os presentes — convidando-os, inclusive, a subir onde quiserem para dançar, o que explica o mobiliário castigado. Um detalhe importante: a qualquer momento um deles pode surgir fantasiado no salão segurando um champanhe faiscante. Escondido no 2º andar da tribuna social do Jockey Club, na Gávea, o cenário dessa farra lembra o de um cabaré, enfeitado com lustres de cristal, cortinas de veludo e colunas imponentes à Luís XV. Por lá circulam cerca de 200 clientes a cada noite, de terça a domingo. O Bistrot Bagatelle está bombando, mas só entra ali quem tem reserva e exibe o dress code apropriado, requisitos conferidos por uma recepcionista elegante na última, apoiada por dois seguranças. A essa altura você já deve ter notado, mas não custa reforçar: short, bermuda e chinelos, nem pensar.

O ponto no Rio faz parte de uma rede de badalação que inclui dez filiais espalhadas por, entre outros recantos, Ibiza, Saint-Tropez, Dubai e São Paulo. Todas replicam o modelo da matriz, inaugurada em 2008, em Nova York, por dois sócios franceses bem criativos. Na contramão de nossos traços mais ensolarados e informais, o negócio prosperou por aqui. O público é seleto, porém eclético. Vai de casais elegantes a mocinhas voluptuosas, empresários endinheirados e artistas. No fim de 2017, o ator americano Marlon Wayans, do filme As Branquelas, passou pela unidade carioca. Aberta em 2015, ela já tem apelido, é claro — o “Baga”, segundo integrantes do staff local e frequentadores assíduos. Neste ano, ganhou 180 000 reais motivos para comemorar: foi esse o valor recorde faturado em um único dia de fevereiro. Outro feito foi a venda de cinco garrafas de 3 litros de Cristal, o champanhe mais caro da carta (a “bagatela” de 22 800 reais cada uma). Para efeito de comparação, vale dizer que, na filial de São Paulo, essa joia da enologia francesa nunca foi pedida. “O Bagatelle dá certo porque oferece alta gastronomia em ambiente animado. Não somos uma boate, mas acabamos suprindo a falta de opções na vida noturna carioca”, avalia o sócio Gui Chueire, do Grupo +55, que investiu 4 milhões de reais no negócio.

Localizada bem em frente à cabine do DJ, a mesa 24 é a mais disputada. A movimentação começa às 7 da noite, quando as atenções se voltam para o menu do chef Ignácio Peixoto, ex-braço-direito do badalado chef Pedro de Artagão, mas é a partir das 22h30 que as luzes do salão começam a piscar e o volume da música sobe. É hora de sapatear na mobília, entre personagens como Super-­Homem e Rocky Balboa, papel marcante do astro americano Sylvester Stallone. Na quinta (10), deram as caras os inconfundíveis personagens mascarados da série espanhola La Casa de Papel. Ao som da trilha sonora original do programa, um sucesso na Netflix, eles levaram a uma das mesas duas faiscantes garrafas de Dom Pérignon. A regra é clara: quem pede champanhe que custa acima de 3 000 reais tem direito a ser servido por garçom fantasiado. “O cantor Mumuzinho pediu a mulher em casamento aqui, há dois meses, e o Super-Homem entregou as alianças. Outro que vem direto é o Neguinho do Borel”, revela o chef da casa. Vira e mexe, garçons de encher os olhos tiram os frequentadores para dançar. O clima de azaração é evidente, mas leve, com divertidas exceções. A equipe da casa coleciona histórias como a de uma aniversariante mais ousada que prometeu pedir uma garrafa de Cristal se ganhasse um beijo do atendente-­gato. Levou a bitoca e uma conta de 30 000 reais.

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As amigas Fran Ferraz, Gabriela Souza e Ivonete Liberato: dança em cima das cadeiras e sofás (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Quinta, sexta e sábado são os dias de maior movimento. Mas quando se ouve o hit New York, New York na voz de Frank Sinatra, pontualmente às 2 da manhã, é sinal de que a festa acabou. Ordens da casa. Ainda em maio, o restaurante inteiro será fechado, em um sábado, para o aniversário de um cliente vip que desembolsou 100 000 reais pela exclusividade, com direito a menu personalizado. Por essas e outras, a concorrência (leia-se o Club Hippopotamus) anda de cabelo em pé. Dizem nos bastidores que o tradicional clube, reinaugurado no fim do ano passado, com investimento de 6 milhões de reais e anuidade de 6 000 reais para os sócios, não vai bem das pernas e ameaça até fechar as portas em breve. Sócio da casa em Ipanema, ao lado de Ricardo Amaral, o empresário Omar Peres desconversa. “O Rio vive uma guerra civil. Vamos superbem às sextas e aos sábados. Mas o que fazemos com o resto da semana? Essa é uma situação que está sendo revista”, diz. No Jockey, segue a farra. “O Bagatelle lembra as noites descoladas de São Paulo. Tem ótimo serviço e público selecionado, apesar de o nível dos frequentadores ter caído um pouco. Hoje já se vê muita gente vestindo jeans”, opina a frequentadora Gabriela Souza, 22 anos, estudante de nutrição e moradora de Ipanema. Por via das dúvidas, talvez seja melhor acrescentar jeans à lista de itens proibidos — em que figuram short, bermuda e chinelos.

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