Casamento perfeito
Os donos dos premiados Aconchego Carioca e Delirium Café unem forças
Ela é chef e criadora do aclamado bolinho de feijoada, quitute-sensação do Aconchego Carioca que se espalhou pelos bares do Rio. Ele é importador de bebidas e proprietário do Delirium Café, endereço elogiado pela diversificada carta de cervejas, com cerca de 350 rótulos de catorze nacionalidades. Competidores na preferência dos amantes de boteco, Kátia Barbosa e Hélio Jr. decidiram unir forças – e expertises. Ajudando-se mutuamente, eles promoveram uma transformação nos dois cardápios. Desde a semana passada, é possível provar os acepipes com a chancela de Kátia no endereço de Ipanema. Em contrapartida, novidades sugeridas por Hélio também estão à prova na Praça da Bandeira. ?Não existe mais aquela história de querer que o concorrente vá à falência?, garante a cozinheira de 49 anos. ?Tem espaço para todos.?
Diagnosticar as necessidades de cada casa foi o passo inicial dessa consultoria etílico-gastronômica. Hélio identificou que a carta do Aconchego era extensa demais e oferecia uma quantidade desnecessária de marcas, o que provocava encalhe e falta de produtos. Dos 300 rótulos originais, ele cortou a metade, mas incluiu algumas preciosidades. Entre as 35 estreantes estão a Coruja Cerveja Viva, de Porto Alegre, e a Blanche des Neiges, importada da Bélgica. A primeira é uma pilsen não pasteurizada, de sabor levemente amargo. Feita de trigo, a segunda tem notas frutadas. No Delirium, a troca de experiências também deu resultados. O comensal agora encontra dez novos beliscos, além de pratos totalmente repaginados por Kátia. Boa parte deles leva no preparo a bebida protagonista do bar. É o caso da porção de coxas de frango empanadas e servidas com dois molhos, feitos à base de cervejas clara e escura. ?Faltava uma ligeira dose de maldade nas receitas?, avalia Kátia, tetracampeã na categoria cozinha de boteco da edição especial ?Comer & Beber? de VEJA RIO, que também premiou o Delirium Café como melhor carta de cervejas em 2011.
O primeiro contato da dupla aconteceu em 2010, no próprio Aconchego, quando Hélio começou a fornecer alguns rótulos para a casa. Rapidamente, o que era apenas uma relação de trabalho evoluiu para uma amizade. ?Isso costuma acontecer onde tem cerveja no meio?, brinca Kátia. Naturalmente, eles começaram a trocar dicas sobre seus negócios até oficializar a atual parceria entre os dois bares. ?Cheguei a sugerir que acertássemos um valor pelo serviço, mas ela brincou dizendo que eu não teria dinheiro para bancar o que ela cobra?, lembra o importador de 33 anos, às gargalhadas, ao lado da nova sócia. Quem sai ganhando, com toda a certeza, são os clientes.