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Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos

A Ferreirinha nos deixou há 122 anos

Hoje, 26 de março, faz 122 anos que a Dona Antónia Adelaide Ferreira, nos deixou..

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 mar 2018, 11h50
 (marcelo copello/Vinoteca)
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Hoje, 26 de março, faz 122 anos que a Dona Antónia Adelaide Ferreira, nos deixou.

A “Ferreirinha” (1811-1896) foi a grande dama e maior personalidade do Vinho do Porto, alcunhada pelos seus concorrentes como “primeiro homem do Douro”.

A “Ferreirinha”, como era mais conhecida, ficou viúva aos 33 anos de um negociante português,  proprietário de vinhedos, António de Bernardo Ferreira, que foi morto pelas tropas de Napoleão ao ser confundido com um desertor por lhes dirigir a palavra em francês impecável.

A rica viúva, com 3 filhos, ao invés de ficar tranqüila em sua confortável casa do Porto, surpreendeu ao assumir os negócios do marido e se instalar no inóspito Douro. Dona Antónia construiu um legado inestimável, recebendo o justo apelido de “rainha do Douro”. A Ferreirinha tornou-se importante, tão importante que o poderoso Duque de Saldanha propôs que seu filho contraísse matrimônio com a filha de tão distinta senhora, Maria d`Assunção, de apenas 11 anos. Dona Antónia recusou o convite, alegando a tenra idade da filha e a vontade de que fosse ela a escolher o próprio marido. O Duque, contrariado, mandou então raptar a menina, mas a Ferreirinha fugiu com ela, ambas disfarçadas de camponesas, para a Espanha e de lá para Londres. Durante este exílio, em 1856, a viúva se casou de novo, desta vez com seu secretário, Francisco José da Silva, que viria a deixá-la novamente viúva em 1880.

Outro “causo” que evidencia o espírito empreendedor desta senhora aconteceu em 1868, um ano de excelente colheita, em qualidade e em quantidade, tão abundante que os preços caíram e os viticultores não conseguiam vender o seu vinho. A poderosa viúva, para ajudar os agricultores comprou e estocou uma enorme quantidade de vinho. Dois anos mais tarde surgiu a praga do oídio, que destruiu quase a totalidade dos vinhedos, arrasando a produção e deixando o mercado sem vinho e com os preços em alta. A Ferreirinha então vendeu com facilidade e bons preços todo seu estoque aos ingleses, enriquecendo ainda mais a casa Ferreira.

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Dona Antónia criou novas instalações de produção, abriu e construiu estradas em áreas praticamente desertas. Ao mesmo tempo, desenvolveu trabalho de assistência social e financiou a construção de hospitais e escolas, numa tal dimensão que a sua memória ainda hoje é venerada. Tal talento, não só para lidar com o vinho – desde a produção à comercialização – mas em proporcionar um avanço nas condições sociais de seu país, faz de Antónia Ferreira uma mulher arrojada que conseguiu superar os limites impostos para uma viúva na machista sociedade portuguesa do século retrasado.

Hoje a empresa, que pertence ao grupo Sogrape, entrega  anualmente o “Prémio Dona Antónia”, destinado a agraciar mulheres que mais se destacaram no mundo empresarial português.

Visitei a Quinta do Porto, onde morou a Ferreirinha, sua cama é muito pequena, justificando talvez o diminutivo em seu nome, e de sua janela, naturalmente, vê-se o Douro…

Leia também: Como conciliar vida profissional no vinho com SAÚDE

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