Teatro de Revista Por Blog Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio
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Gregorio Duvivier lança livro com texto publicado pela primeira vez no blog

Maio de 2013 foi um mês agitado para Gregorio Duvivier. Só no teatro, ele estava em cartaz com duas peças simultaneamente: às terças e quartas, encenava o monólogo Uma Noite na Lua, de João Falcão; de quinta a domingo, estrelava o musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força, direção de Charles Möeller e Claudio Botelho. […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 18h28 - Publicado em 14 nov 2014, 18h47
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    Maio de 2013 foi um mês agitado para Gregorio Duvivier. Só no teatro, ele estava em cartaz com duas peças simultaneamente: às terças e quartas, encenava o monólogo Uma Noite na Lua, de João Falcão; de quinta a domingo, estrelava o musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força, direção de Charles Möeller e Claudio Botelho. Diante dessa jornada intensa, eu tive a ideia de convidá-lo para escrever um texto para o blog em que seus personagens nesses dois espetáculos se encontravam. Do texto de Falcão, o autor em plena crise criativa, atrás de uma ideia para uma peça que ele prometera entregar para um ator. Do musical de Frank Loesser, o limpador de janelas J. P. Finch, jovem ambicioso para subir na carreira em uma grande empresa. Publicado em primeira mão aqui no blog no dia 30 de maio do ano passado, o texto, batizado como Finch na Lua, integra Put Some Farofa, delicioso livro que Gregorio está lançando pela Companhia das Letras (capa acima).

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    Se você não leu na época, confira abaixo – e, por favor, vá atrás do livro, que tem outros textos tão bons quanto.

    HOMEM NA LUA
    Você por aqui?

    FINCH
    Onde é aqui?

    HOMEM NA LUA
    Aqui é o lugar onde os personagens ficam quando não estão sendo interpretados no teatro.

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    FINCH
    Tá cheio, né?

    HOMEM NA LUA
    Hoje é segunda. Muito pouca peça em cartaz. Precisa ver isso aqui no sábado. Fica um tédio.

    FINCH
    Como é que você sabe disso tudo?

    HOMEM NA LUA
    Eu morei aqui catorze anos. Eu fui inventado pra um ator específico, em 98. Esse cara foi eu durante um ano e pouco. Aí ele foi ser outros caras. Foi só catorze anos depois que outro cara foi ser eu de novo. O mesmo cara que é você, atualmente.

    FINCH
    E é nós dois ao mesmo tempo? Que cara promíscuo.

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    HOMEM NA LUA
    Muito. Ele é você de quinta a domingo. E eu às terças e quartas. E não duvido nada que na segunda ele seja outro caras.

    FINCH
    Então eu vou ficar aqui toda segunda, terça e quarta?

    HOMEM NA LUA
    Eu acho difícil. Porque a sua peça é famosa no mundo inteiro, tem sempre alguém sendo você em algum lugar do mundo. Esse seu povo da Broadway nunca vem pra cá. Tá sempre sendo montado, em algum lugar.

    FINCH
    Em compensação, deve ter gente que não sai daqui, né?

    HOMEM NA LUA
    Nem fala. Aquele velho ali chama Vovô Pimpolhão e foi escrito pra uma peça infantil de 1957, nunca remontada.

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    FINCH
    Por que é que ninguém te remontou, nesses catorze anos que você passou aqui?

    HOMEM NA LUA
    Meu autor é meio chato, não gosta de me emprestar por aí.

    FINCH 
    Qual é o seu nome?

    HOMEM NA LUA
    Pergunta complicada.

    FINCH
    Por quê?

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    HOMEM NA LUA
    Porque eu não tenho nome.

    FINCH
    É figurante?

    HOMEM NA LUA
    Protagonista. Mas protagonista de monólogo.

    FINCH
    O que é que um monólogo tem a ver com você não ter nome?

    HOMEM NA LUA
    Ninguém me chama na peça, então não dá pra saber meu nome.

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    FINCH
    Eu não tenho esse problema. Tem muita gente trabalhando na Rebimboca. Falam meu nome o tempo inteiro. Até em música.

    HOMEM NA LUA
    Eu também tenho música. Mas não fala o meu nome. Só da Berenice.

    FINCH
    Berenice?

    HOMEM NA LUA
    É, a mulher que me deixou. A peça é sobre isso.

    FINCH
    Isso dá assunto pra peça?

    HOMEM NA LUA
    Pra muitas peças.

    FINCH
    Não sabia. Eu não costumo ir ao teatro.

    HOMEM NA LUA
    Eu também não. Mas eu escrevo teatro. Ou melhor, deveria escrever. Se não fosse a Berenice que desde que saiu da minha vida não sai da minha cabeça.

    FINCH
    Antes dela existir na sua vida você escrevia?

    HOMEM NA LUA
    Não. Mas depois ficou pior. Não consigo trabalhar porque só penso nela.

    FINCH
    Eu não consigo pensar em ninguém porque to sempre trabalhando.

    HOMEM NA LUA
    A gente tem muito a aprender.

    FINCH
    Também acho. Essas segundas-feiras vão ser divertidas.

    VOVÔ PIMPOLHÃO
    Aceitam jogar uma biriba?

     

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