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Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio
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Diretora de montagem de O Homem Elefante, que estreia na quinta (11), Cibele Forjaz fala sobre o espetáculo

Aos 3 anos de idade, Joseph Merrick (1862-1890) começou a ser acometido por calosidades no lado esquerdo do corpo. Fruto de uma doença congênita, as deformidades logo avançariam por todo o corpo do menino, transformando-o em uma das personalidades mais conhecidas da Inglaterra vitoriana: o Homem Elefante, apelido cunhado justamente por sua aparência disforme. Em 1979, […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 18h26 - Publicado em 5 dez 2014, 15h52

O Homem Elefante (crédito: Vitor Vieira)

Aos 3 anos de idade, Joseph Merrick (1862-1890) começou a ser acometido por calosidades no lado esquerdo do corpo. Fruto de uma doença congênita, as deformidades logo avançariam por todo o corpo do menino, transformando-o em uma das personalidades mais conhecidas da Inglaterra vitoriana: o Homem Elefante, apelido cunhado justamente por sua aparência disforme. Em 1979, a alcunha serviria de título para uma peça da Broadway sobre a vida de Merrick, escrita pelo americano Bernard Pomerance (erroneamente atribuindo ao protagonista o nome John, equívoco que acabaria se perpetuando em outras referências). Diversas outras montagens seriam feitas, mas a história ganhou de fato uma projeção inaudita a bordo do filme O Homem Elefante, de David Lynch, lançado em 1980 e indicado ao Oscar em oito categorias. Atualmente com uma nova encenação na Broadway, com a estrela do cinema Bradley Cooper, o texto ganha uma montagem brasileira pelas mãos da Cia. Aberta, a partir quinta (11), no Oi Futuro Flamengo. Na trama, Merrick (Vandré Silveira) é explorado pelo showman Ross (Daniel Carvalho Faria) como atração de um show de aberrações, até ser resgatado pelo médico Dr. Treves (Davi de Carvalho), sendo acolhido em um prestigiado hospital londrino. Ali, de alvo de repulsa e, na melhor hipótese, piedade, o Homem Elefante se torna a coqueluche da aristocracia e dos intelectuais ingleses, com a ajuda de uma famosa atriz, Sra. Kendal (Regina França, com o restante do elenco na foto acima). Diretora da produção ao lado de Wagner Antonio, Cibele Forjaz falou ao blog.

Como foi a gênese da montagem?

O projeto é da Cia. Aberta. Vandré, David e Daniel viram O Idiota (peça dirigida por Cibele) no Rio. Pegaram um ônibus e foram até a minha casa em São Paulo para me fazer o convite. Gostei do texto e, principalmente, do desejo dos três atores de viver essa história incrível. O brilho no olhar deles me cativou. Eles se mudaram para São Paulo e, junto com Regina França, encararam oito horas de ensaios diários. Chamei Wagner Antonio, um jovem diretor talentosíssimo, para dirigir comigo. Este é, antes de tudo, um trabalho de equipe.

Em que a sua montagem difere das montagens que vêm sendo realizadas desde a estreia, em 79?

Não vi nem estudei nenhuma montagem anterior. Preferimos estudar o texto e as suas referências diretas, principalmente o relato de Sir Frederick Treves, médico inglês que conta a história de seu paciente Joseph Merrick. Este relato é a fonte de todas as demais adaptações, incluindo a peça de Bernard Pomerance e o filme de David Lynch.

Você viu o filme? Ele exerceu alguma influência sobre a montagem?

Vi o filme há muitos anos. Assisti novamente assim que a Cia. Aberta me convidou para o projeto. Depois, não vi mais. Mas é um filme inesquecível. O filme não exerceu nenhuma influência direta, porque as linguagens são muito diferentes. Talvez uma memória inconsciente, o clima de delírio de algumas cenas do filme, como a da mãe estuprada por um elefante… Mas sempre de modo bem longínquo.

Pelo fato do filme ter ficado tão conhecido, você teme comparações?

Não tememos comparações. A história é incrível! O filme é impressionante e a peça também. Cada linguagem tem suas especificidades. O filme te transporta no tempo e no espaço. O teatro traz a história para o aqui e agora, através da presença viva dos atores. A plateia torna-se cúmplice da trajetória de Merrick, de suas dores e alegrias.

Que reflexões emergem da história de O Homem Elefante?

O duelo ideológico entre a chamada civilização ocidental e a barbárie, que por sua vez remete ao Terceiro Mundo. O monstro interior de cada um, que buscamos domesticar.  Que monstro será esse, que leva tantas pessoas ao teatro? O que elas procuram?
A história continua, porque O Homem Elefante ainda exerce um poder encantatório sobre os espectadores, talvez porque estes projetem sobre um outro o que temem em si mesmas.

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