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Clube do Samba

  Dono de voz potente, um bamba da divisão rítmica com lugar de destaque na linhagem de Cyro Monteiro e Zeca Pagodinho, João Nogueira (1941-2000) nutria paixão cívica pelo samba. O entusiasmo era tanto que, em 1979, incomodado com o cerco da música estrangeira (vivíamos os dancin’ days da discoteca), ele decidiu organizar a resistência: […]

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 18h46 - Publicado em 27 fev 2014, 20h02
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O craque João: em foto de Cida Souza

O craque João: em foto de Cida Souza

Dono de voz potente, um bamba da divisão rítmica com lugar de destaque na linhagem de Cyro Monteiro e Zeca Pagodinho, João Nogueira (1941-2000) nutria paixão cívica pelo samba. O entusiasmo era tanto que, em 1979, incomodado com o cerco da música estrangeira (vivíamos os dancin’ days da discoteca), ele decidiu organizar a resistência: decidiu criar o Clube do Samba, quartel-general de cantores, compositores e músicos dedicados ao gênero, para retomar o terreno perdido após a invasão estrangeira. Seguiram-se algumas reuniões, primeiro entre artistas, incentivadores e alguma birita, depois com advogado e tudo e, estatuto definido, a nascia a agremiação no dia 5 de maio. Os primeiros anos foram de muita festa – havia bailes semanais na antiga sede do Flamengo, no Morro da Viúva – animada por feras do ritmo como Eliseu, Marçal, Trambique e Wilson das Neves. Além da orquestra fixa, havia os convidados ilustres, nomes do primeiro time como Beth Carvalho, Martinho da Vila, Roberto Ribeiro e Dona Ivone Lara, entre muitos outros.

Essa farra toda ecoou em outras rodas e, de fato, deu novo fôlego ao samba. O próprio João gravou, ainda em 1979, o LP Clube do Samba, seu disco mais vendido. Em 1983, o projeto nascido como um movimento político em defesa da cultura nacional passou a batizar uma casa de espetáculos na Barra. Quando acrescentou, às artes e à militância, a função de empresário de casa noturna, João se enrolou. Problemas vários – inflação alta, desvios de verba por funcionários, processos trabalhistas – resultaram em dívidas que assombrariam o artista pelo resto da vida. Apesar de ser um entre os 32 sócios da empreitada, o fundador João Nogueira decidiu tomar o problema para si. Essa história acabou, mas ainda é lembrada em samba: o bloco do Clube do Samba, criado em 1980, sai na terça (4), em Copacabana. No seu 35º Carnaval, concentra na Avenida Atlântica, esquina com a Santa Clara, e vai, pela orla, até a Almirante Gonçalves. Importante: as informações deste post foram pescadas no ótimo João Nogueira – Discobiografia, livro de Luiz Fernando Vianna que passeia pela obra do sambista, lançado dentro do projeto Sambabook.  

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A inauguração do Clube do Samba ganhou cobertura do Fantástico. Assista aqui à reportagem com a nata dos bambas:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=uRF-5npsqTo?feature=oembed&w=500&h=375%5D

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