Quanto deixar de gorjeta em um restaurante americano?
Taxa de serviço nos EUA aumenta e deixa turistas perdidos; trata-se de uma prática culturalmente enraizada e esperada na maioria dos setores de serviços
Alerta para tema polêmico! Nos Estados Unidos, a gorjeta tem uma identidade bem diferente de no Brasil. Lá ela é uma prática culturalmente enraizada e esperada na maioria dos setores de serviços, como restaurantes, bares, táxis, salões de beleza, spas, entre vários outros em que às vezes não estamos acostumados.
Na década de 1960, o Congresso dos Estados Unidos estabeleceu o chamado “crédito de gorjeta”, permitindo que empregadores pagassem aos funcionários valores abaixo do salário mínimo, contanto que eles recebessem gorjetas. Essa prática ainda é válida em muitos estados, resultando em funcionários que dependem das gorjetas para complementar seus salários e garantir sua subsistência, especialmente na indústria de alimentos.
No entanto, nem todos os trabalhadores que recebem gorjetas dependem exclusivamente delas para viver. Em algumas profissões, as gorjetas são consideradas um bônus adicional.
De qualquer maneira, nem pense em não dar gorjeta em um restaurante ou pagar menos do que 18%, mesmo que você não tenha ficado satisfeito com o serviço. O funcionário fatalmente vai reclamar ou até te seguir e perguntar o que houve.
A etiqueta de gorjeta nos Estados Unidos costumava sugerir de 15-20% do valor total da conta em restaurantes, entretanto, de uns anos para cá, pós-pandemia, o valor aumentou e varia bastante de cidade para cidade, podendo até chegar à casa dos 25%.
O problema é que agora, em restaurantes de Miami, por exemplo, a famosa tip já está incluída na conta (opção geralmente de 18%, 20% ou 25%), mas depois que você entrega o cartão, mesmo com a gorjeta incluída no valor total da conta, na hora em que o garçom volta para a mesa com a nota para você assinar, há mais uma opção de pagar pela taxa de serviço. Segundo eles, uma gorjeta adicional como sinal de apreciação pelo serviço prestado. Ou seja, muitas vezes, se o cliente está distraído, conversando ou se não fala inglês, ele acaba pagando a taxa duplicada.
Segundo o jornal Miami Herald, “Taxas de serviço não são o mesmo que gorjeta. As gorjetas vão diretamente para o garçom, mas não há exigência para onde vai a taxa de serviço. Os proprietários de restaurantes podem dividir a taxa de serviço entre garçons, atendentes e hostess. Mas no final das contas, eles podem fazer o que quiserem com o dinheiro”. Os especialistas sugerem, no caso de um serviço excepcional, adicionar 5 a 10% extras em gorjetas.
Devido a Miami Beach ser um destino internacional popular, atraindo turistas de todo o mundo, muitos visitantes europeus, acostumados a dar gorjetas de cerca de 5% em seus países de origem, muitas vezes não ajustam suas práticas ao visitar os Estados Unidos. Isso levou à implementação de uma taxa de serviço automática, garantindo uma gorjeta padrão para os profissionais de serviço.
Além disso, em muitos estabelecimentos, o pagamento em dinheiro não é mais aceito, e ao aproximar o cartão ou o telefone na máquina de pagamento, uma sugestão de valor de gorjeta é exibida, muitas vezes exigindo que o cliente clique na frente do funcionário, o que pode ser pra lá de constrangedor .
Enquanto isso, ao se hospedar em um hotel, é recomendável separar umas verdinhas para gorjetas. Os funcionários que ajudam com as malas e os manobristas esperam por um agrado, mesmo que uma taxa de valet tenha sido paga. Embora não seja obrigatório, também é comum dar gorjetas ao concierge pela prestação de serviços. Na praia, os funcionários que fornecem cadeiras e guarda-sóis também esperam por uma gratificação, considerando que muitas vezes recebem apenas o salário mínimo e passam o dia sob o sol quente, correndo de um lado para o outro.
Nos salões de beleza, spas e barbearias, a prática de gorjeta também é comum, sendo esperado cerca de 20% se o serviço foi satisfatório. É importante lembrar que ao viajar, devemos respeitar as normas locais e a cultura do destino, mesmo que algumas práticas possam parecer estranhas para nós.
Renata Araújo é jornalista e editora do site de turismo e gastronomia You Must Go!