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Por Paula Pizzi, florista e jornalista
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Flor é alimento para a alma

Campanha tenta frear o impacto do coronavírus no mercado de flores

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Atualizado em 23 mar 2020, 18h03 - Publicado em 23 mar 2020, 17h58

As notícias não estão boas para ninguém. Por mais que a gente tenha momentos de otimismo e esperança, tentando tirar algo de positivo de toda a crise do coronavírus, parece que ainda está difícil enxergar a luz no fim do túnel. Como todos os setores da economia brasileira e mundial, o mercado de flores também está sentindo muito o impacto.

O setor de floriculturas, que emprega 200 mil pessoas no Brasil, na última semana perdeu 70% das vendas. Mais de 40% das flores e plantas tiveram que ser descartadas. É um mercado que movimenta cerca de 10 bilhões de reais por ano e tinha a previsão de crescimento de 7% em 2020, o que obviamente não vai mais acontecer.

A produção no campo não para. Não é possível frear a maturação das flores que já estão a ponto de serem colhidas para o mercado. Aqui no Brasil, a Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), junto com a CooperFlora e a Veiling (cooperativas de floristas de Holambra), começou a campanha “Flor é Alimento para a Alma”, que incentiva a compra de flores de maneira segura, como durante uma ida ao mercado, por exemplo. Além disso estão organizando a distribuição de flores para quem mais precisa de alimento para a alma neste momento e não tem condições de comprar. Como a situação da pandemia está evoluindo de forma tão rápida e a cada dia novas medidas são tomadas, não sabemos como será o dia de amanhã – se as flores ainda terão como chegar aos mercados para continuarmos dando ao menos esse pequeno incentivo.

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Aqui no Rio, no CADEG, que concentra 90% do fornecimento de flores da cidade, tudo ainda está incerto. Para os vendedores que trazem a mercadoria de São Paulo, não vale a pena pagar o frete para uma quantidade tão pequena que ainda corre o risco de não vender. Os que têm sua própria produção em sítios na região serrana também não podem arriscar perder produção.  As festas que movimentam grande parte deste setor estão canceladas por hora. As floriculturas de rua estão prestes a fechar as portas por decreto do prefeito. As menores ou com o atendimento online, como a minha Petalis, ainda tentam. Mas por menor que seja, minha operação envolve a circulação de pessoas pela cidade, e não podemos correr esse risco, tanto individual quanto coletivamente. Por isso devemos também entrar em pausa nos próximos dias, por tempo indeterminado.

(PorViegas/Arquivo pessoal)

Outros países também estão sentindo. O Quênia, um mercado que estava em ampla ascensão, está descartando mais de 200 mil flores por dia. Na Holanda, maior produtor e exportador de flores do mundo, os leilões foram impactados com uma queda de 85% no volume de negócios nas últimas semanas. Por lá foi criada a campanha “Buy Flower, Not Toilet Paper” (Compre Flores e não Papel Higiênico), em alusão à busca desenfreada pelo item de higiene. A abertura do Keukenhof, parque das tulipas que foi tema da última coluna, foi adiada por tempo indeterminado e corre o risco de nem abrir esse ano.

É quase impossível apontar uma solução ou uma sugestão de melhora neste momento. Quanto mais dedicado for isolamento agora, mais rápido será o declínio do vírus e poderemos retomar nossas vidas normais. Ou ao menos tentar. Com a esperança de que esse dia vai chegar logo, deixo aqui o lembrete de que as flores são, sim, alimento para a alma. E sempre serão uma forma amorosa de dizer inúmeras coisas ao mesmo tempo. Presenteie com flores, pense na economia local, apoie o pequeno fornecedor.

Paula Pizzi é jornalista e florista à frente da Petalis Flores. Acredita que a beleza, o amor e a leveza das flores e plantas são capazes de transformar ambientes, relações, humores e vidas.

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