Imagem Blog

Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação

Perplexidades de fim de ano: para onde vai a educação?

Precisamos falar sobre temas como falta de investimentos, leilão de escolas públicas para iniciativa privada e chegada da Inteligência Artificial

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 dez 2024, 16h37
ufrj
UFRJ: corte de luz e água, além de deterioração de seus prédios históricos, são alguns dos problemas que marcaram 2024 (Marco Fernandes/Coordcom UFRJ/Reprodução)
Continua após publicidade

Quero dividir com todo mundo questões da educação das crianças e jovens brasileiros, da Educação Fundamental à Universidade, que me causaram impacto.

Nem sei por onde começar. A educação tem sido tão sovada, tão desprezada, tão deixada de lado que parece que nos habituamos. E até dá preguiça de fazer as mesmas queixas, as mesmas reclamações. A gente reclama aqui e ali, pontualmente, sem insistir que o todo vai mal. A começar pela situação crônica da falta de investimento. Das escolas elementares às universidades públicas, há décadas existe a deterioração da infraestrutura, o básico do funcionamento. 

Neste fim de ano lemos no jornais a situação de penúria dramática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sem luz e sem água por falta de pagamento. E mais ainda: como é proprietária de prédios antigos tombados por seu valor histórico, vê o patrimônio ruir, o que significa que nossa memória se dissolve.  Mas me parece que só ficam indignados aqueles que reconhecem a tragédia que é perder uma instituição educacional da qualidade e excelência da UFRJ.  E ela é apenas uma das universidades em situação de calamidade.  

As escolas públicas, o pilar fundamental para o futuro de um país, também se deterioram. E falo aqui apenas das questões infraestruturais. As questões das necessidades de aprendizagem para o novo milênio ou para a nova era – inaugurada pela chegada das tecnologias digitais – precisam ser abordadas com urgência: Quem é o aluno atual? Qual é a expectativa dele em relação à escola? E qual é a expectativa da sociedade para ele? Qual é o projeto de nação que o país tem?

Lembro aqui o projeto das escolas cívico-militares, inventado com uma mentalidade pré-tecnológica, num modelo de escola para formar pessoas sem questionamentos, cegamente obedientes. Dá pena pensar que essas pessoas vão viver um século em que exatamente precisam aprender a questionar, a resolver problemas da vida real, desafios que ainda nem imaginamos quais serão. É um desrespeito às novas gerações. 

Continua após a publicidade

O leilão de escolas públicas para entidades privadas também deixa má lembrança. Numa visão de educação (e de escola) atrasada, medíocre, em que tanto faz quem educa, o governo abdica de liderar a formação dos seus cidadãos – aqueles que vão construir o desenvolvimento do país no novo milênio. Quem não é educador continua com um arquétipo de escola cheia de salas de aula e um professor na frente a “dar matéria”. Façam-me o favor de refletir: escola não é mais assim! É outra coisa. Escola é o lugar de aprender a pensar, aprender a questionar, aprender a resolver desafios da vida. São discussões antigas, desgastantes, e a chegada da tecnologia digital não foi o suficiente para mudar as mentalidades. O arquétipo engoliu a tecnologia. 

Agora chegou a Inteligência Artificial (IA), evento grave na vida da humanidade (e portanto da escola), cuja consequência para a educação de pessoas tem que ser objeto de reflexão.  É preciso pensar que tipo de formação será necessária para as novas gerações numa sociedade que se transforma numa rapidez tão grande que é difícil para humanos se adaptarem.  Como se faz para formar pessoas para a incerteza? Tomara que exista um grupo oficial pensando sobre isso.

Voltarei a falar de funcionamento e papel da escola neste futuro incerto, de IA e de qual será a educação necessária para este tempo.  

Continua após a publicidade

Resumi minhas angústias do ano que passou – educação sem investimento, educação escolar é atribuição do Estado e a chegada da Inteligência Artificial – e desejo que todos participem dessas reflexões e acreditem, como eu, que a educação é fundamental para o desenvolvimento do país. 

Que nossas crianças e jovens tenham um próximo ano tranquilo e que suas escolas ofereçam ambientes interessantes.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.