O paradoxo do professor
Investir na educação e nos mestres não é despesa, é investimento direto na qualidade do futuro coletivo

Não há quem discorde de que a profissão de professor é fundamental e importante. Mas a prática dessa retórica se esvazia diante da carência material e social em que vive o professor. Na verdade, o professor está numa posição paradoxal: tem nas mãos uma tarefa crucial para o futuro de qualquer sociedade e, no entanto, é relegado a uma condição de desvalorização.
Educar as próximas gerações vai muito além de ensinar o conteúdo escolar. O currículo é uma ferramenta e não o fim. A tarefa do professor é fazer a mediação entre o saber acumulado pela humanidade e o aluno que constrói conhecimento e tem que desenvolver um comportamento ético. Ele mostra como exercer a curiosidade diante de um texto e como respeitar e ouvir uma opinião divergente.
O educador estuda, lê, reflete e pensa à frente porque sabe que seus alunos terão que saber discernir notícias falsas, resolver conflitos, inovar, construír relações saudáveis e éticas. Tudo isso existe ali na sua sala de aula.
O professor não ensina apenas equações de segundo grau ou a Revolução Francesa – ele faz desenvolver lentes para a interpretação do mundo e ainda lida com todas as inteligências – lógica, emocional e social. Sabe como é fundamental ensinar a questionar, a analisar fontes, a formar opiniões fundamentadas e a não ter medo do contraditório. Os alunos têm também que compreender que é preciso paciência e resiliência diante de desafios difíceis.
A preocupação principal do educador não é apenas fazer seus alunos passarem em exames. A sua questão mais profunda e complexa é como pode contribuir para que os alunos se tornem boas pessoas e que contribuam positivamente para a sociedade.
Hoje é preciso preparar as crianças para profissões que ainda não existem e para desafios que não podemos prever. Os jovens precisam aprender a aprender, adaptar-se a novas ferramentas e pensar de forma criativa para resolver problemas complexos.
A vida implica relação com outros e a sala de aula é onde se começa a aprender a conviver e a entender seus direitos e seus deveres, a respeitar o ambiente, lutar pela justiça e valorizar a diversidade. Não é pouco.
Valorizar o professor é um imperativo de sobrevivência social. Tudo o que se investir na educação, no conforto e formação dos mestres não é despesa, é investimento direto na qualidade do futuro coletivo.