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Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga
Educação
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Celulares podem afetar a linguagem e o pensamento?

A presença genuína dos pais na relação com os filhos é importante no aprendizado da fala e na aquisição de habilidades sociais básicas

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
18 mar 2024, 12h13

Nosso comportamento e capacidade de atenção estão se transformando de modo relevante por causa dos telefones celulares. Não chega a ser uma surpresa, porque atualmente nossas vidas estão dentro desses dispositivos. E isso que nos leva a constante interação com eles, muitas vezes à custa de conexões humanas reais.
Um cenário comum é encontrarmos as pessoas com olhar fixo nos seus celulares nas salas de espera, nos aeroportos, nas reuniões familiares e em qualquer pausa entre atividades. Não existe mais aquele olhar perdido de quem pensa ao sabor do acaso. Não, todos estão em contínua conexão com os celulares.
Diante da constatação, é preciso considerar as implicações do uso dos telefones móveis pelos pais no desenvolvimento infantil. Pais distraídos com seus celulares têm menos engajamentos significativos com os filhos, o que pode ter repercussão no desenvolvimento, entre outros, da linguagem e das habilidades de comunicação das crianças.
Os humanos adquirem a linguagem e aprendem a falar escutando a língua à sua volta. Desde que nascem, a mãe, o pai, a avó e quem estiver perto, todos conversam entre si e eventualmente falam com o bebê. É a imersão no ambiente de falantes da língua que desenvolve as competências linguísticas e a percepção das trocas na comunicação. A linguagem é um fenômeno social, que existe na interação entre interlocutores e que evolui historicamente com a comunicação verbal concreta num dado contexto sócio-histórico.
Pais concentrados nos celulares prestam menos atenção nos filhos, e deixa de acontecer a formação de vínculo relacional sólido que pode afetar o desenvolvimento da comunicação,  da compreensão e da sensibilidade. A presença genuína dos pais na relação é importante no aprendizado da fala e na aquisição de habilidades sociais básicas, como manter contacto visual e concentração na pessoa com quem estão trocando e na capacidade de resposta.
A distração dos pais na interação com os filhos pode levar à diminuição de vocabulário, de fluência e de expressões corporais que acompanham a fala, além de criar um problema sério que é ligado à relação da linguagem com o pensamento. A linguagem é essencial para o desenvolvimento de capacidades mentais, como memória, atenção e raciocínio. É através dela que organizamos ideias e pensamentos em uma sequência lógica, tornando possível a compreensão e a interpretação do mundo.
A relação entre pensamento e linguagem é complexa e interdependente. A linguagem é fundamental para que o pensamento concreto passe para o abstrato e avance em complexidade. O pensamento complexo é essencial para que a humanidade continue a construir o formidável acervo de conhecimento que acumulou. Na diminuição de interações significativas de pais com filhos por causa do uso de celulares, aqueles que lidam com crianças precisam prestar atenção em possíveis dificuldades no desenvolvimento da linguagem, no risco de empobrecimento da linguagem. E é preciso estar atentos também para o fato de que as dificuldades de aprendizagem da linguagem podem afetar a qualidade do pensamento humano. Não é uma preocupação imediata, mas é um alerta que fica para os estudiosos da língua, das ciências da cognição e para os adultos que cuidam das crianças. 

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