Conheça Rodrigo Drade, cantor que está bombando com a Sambay
Ele está lotando o Mourisco Mar com seus shows na primeira roda de samba LGBTQIA+ do Rio
Desde junho a Sambay, primeira roda de samba LGBTQIA+ do Rio, ganha mais frequentadores e está se tornando um dos eventos mais postados nas redes sociais. No comando do show está Rodrigo Drade que conquista a cada edição (a próxima será no dia 20/08) mais fãs e promete novidades em breve.
Aos 35 anos anos o cantor e ator está acostumado aos palcos, mas não esconde a satisfação com o projeto que abre as portas do mundo do samba para esse público. “Nunca vemos especialmente homens gays nos palcos de samba. No carnaval fazem parte, mas em posições específicas e sempre as mesas. Não há musicistas e nem cantores gays de samba”, destaca.
Por isso Drade acredita que a força do Sambay tem a chance de mudar essa realidade. A surpreendente aceitação do público é uma amostra que há espaço para receber pessoas LGBTQIA+, na plateia e nos palcos. “A gente acreditava no projeto, mas não imaginava que teria tanto sucesso em tão pouco tempo. As últimas edições já tivemos lotação máxima (1.500 pessoas) e mostra que havia um espaço a ser ocupado”, celebra. Ele conta inclusive que tem recebido comentários de pessoas que passaram a curtir samba por conta dos show. “Já me pedem até uma playlist para poder escutar mais samba”.
Além de levar o ritmo para mais pessoas, Rodrigo espera que a primeira roda de samba gay do Rio abra espaço para que mais pessoas LGBTQIA+ também possam viver da música: “Já temos, mesmo pouco ainda, mulheres lésbicas no samba. Mas precisamos ter mais homens dentro desse espaço. Por exemplo, queríamos ter montado uma banda toda representativa, mas não conseguimos”.
Vindo de três gerações de cantores na família, muito ligados ao samba, Rodrigo canta profissionalmente desde os 10 anos, mas mesmo assim afirma ter enfrentado preconceito por ser gay. “Ouvia que se eu me assumisse não teria espaço no samba. Ainda que esse público não gosta desse ritmo”, lembra. O Sambay está provando o contrário, tanto que já ganhará em setembro a primeira edição em São Paulo e em outubro será uma das atrações nos três dias da Micareta.
Drade ainda me contou que em breve terá novidades, tanto com o Sambay, especialmente com a chegada do verão, quanto na carreira solo. “Primeiro, lançaremos muito em breve a música oficial do Sambay. Mas teremos ainda mais novidades no verão, até com evento de rua”, adiantou.
Por enquanto o público continua aproveitando cada edição da roda de samba LGBTQIA+ sempre curtindo num show com convidados especiais e muita alegria. Rodrigo inclusive participa da escolha dos artistas que dividirão palco com ele – “sempre preocupado com representatividade”. Outro destaque são suas roupas. “Elas são uma forma de expressar quem eu sou e quebrar barreiras ao sair do comum ao universo do samba”, explica, lembrando que faz questão de usar materiais que são comuns em escolas de samba, como plumas, paetês e pedrarias.
Sobre suas inspirações, enumera alguns de seus ídolos. Desde Anderson do Molejo, que foi um dos primeiro a convida-lo ainda criança para gravar; passando por Beth Carvalho, que conheceu quando fez o musical dedicado a sambista; até Jorge Aragão, que considera o maior poeta do samba; e Alcione, que chama de diva do samba para o público gay.
Quem for no próximo domingo ao Sambay poderá conferir de perto o sucesso do evento, comprovando que LGBTQIA+ também gosta do ritmo. Afinal, quem não gosta de samba bom sujeito não é.