Cachorreiros, uni-vos: um manifesto amoroso pelo biocentrismo
Nova coluna é um espaço para informações, reflexões e sugestões sobre este universo dos cães, que também é nosso e de tantos outros seres vivos

Como explicar a relação entre os humanos e os cachorros? A origem desta parceria tem mil e uma versões, nenhuma comprovada por historiadores ou cientistas. No entanto, ela é forte, antiga e só cresce em qualidade e quantidade.
A minha começou em São José das Três Ilhas, um vilarejo mineiro, a três horas de carro do Rio (atualmente, pois quando eu ia com meus pais levava umas cino ou seis horas, dependendo do número de paradas para tomar um guaranazim, ir ao banheiro ou vomitar). Lá, como em toda roça, os cachorros andam soltos, sem coleira. São, a maioria, cães comunitários. Mas eu tinha uma cadela de quem cuidava: chamava-se Fineza. Não sei quem a batizou.
Depois vieram Elba e Biriba. E, em 2019, Rock, que inaugurou uma outra fase no meu encantamento pelos cães. Rock foi resgatado, vítima de um atropelamento e, com sequelas, virou o centro das atenções da casa, onde todos não mediram esforços para sua recuperação. Ele se apaixonou por nós e nós por ele. Tivemos que aceitar sua deficiência que, para ele, não significava nada. Rock é feliz apesar de não ter uma pata funcional e isso foi uma grande lição.
No meio desta paixão, veio a pandemia, mais e mais pessoas descobriram o quanto ter um cachorro em casa muda a frequência do ambiente, transforma o astral e, até mesmo, salva vidas. Eu passei a ver e a ouvir coisas incríveis sobre cachorros, casos engraçados, casos dramáticos e, como o algorismo da vida tá sempre trabalhando, aonde eu ia via algo sobre o assunto. Resolvi fazer um livro.

Assim surgiu Mundo Cão – Contos Fantásticos sobre Seres Maravilhosos, uma organização feita a quatro mãos por mim e pela jornalista Marcela Esteves, com a participação de 21 autores, da Editora Bloco Narrativo, leia-se Bruno Drummond, craquérrimo. Inspirado no livro, esta coluna semanal se chama Mundo (do) Cão e pretende ser um espaço de informações, reflexões e sugestões sobre este universo, que também é nosso e de tantos outros seres vivos. Minha intenção é que seja um manifesto amoroso pelo biocentrismo.