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Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman
Psiquiatria
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Semana de festas: como apoiar quem não está consumindo bebida alcoólica?

Temporada de reuniões e encontros é um desafio para os abstêmios

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 29 dez 2021, 11h29 - Publicado em 29 dez 2021, 10h16

Quem já interrompeu uma atividade prazerosa – por vontade própria ou por força da necessidade – sabe o sacrifício que é se expor a tal estímulo. Sentar em um restaurante com amigos estando de dieta ou bater papo numa roda de fumantes quando se parou de fumar são verdadeiras provas de fogo. Muitas vezes, fica difícil não ceder à tentação. Imagine uma temporada em que os excessos são mais que tolerados, são quase estimulados. A isso se dá o nome de dezembro.

Celebrações, reuniões para amigo oculto, festas de empresa, encontros de velhos amigos, tudo é desculpa para o consumo exagerado de comida e de bebida alcoólica. Embalados pela crença popular de que “o ano só começa em março”, temos no Brasil um componente extra: o Carnaval já se avizinha ali adiante e o verão serve quase como um salvo conduto para um comportamento mais relaxado, onde (quase) tudo é perdoável.

Aos que estão abstêmios, evitando o consumo de álcool, a agenda social se converte em uma longa maratona a se percorrer. Parar de beber é uma coisa que só quem para pode fazer por si mesmo. Mas que não precisa ser feita sozinho. Parentes e amigos podem oferecer um apoio valioso nestes momentos.

Se a maioria dos convidados sabe que há alguém no recinto que está na cruzada para não consumir álcool, que tal todos ficarem sem beber apenas naquela noite? Não é preciso de falar sobre o assunto ou fazer alarde. Trata-se de um pacto silencioso e delicado de irmandade pelo bem-estar de quem se ama.

Se a escolha for por não privar os demais convidados da bebida alcoólica, quem está se esforçando para não beber, deve se cercar de outras pessoas que não bebem (o motorista da rodada, o que está tomando medicamentos, grávidas e aqueles que não gostam de bebida alcoólica, por exemplo). Os amigos que estão cientes do esforço que o outro está fazendo em busca da sobriedade também podem se aproximar naturalmente do abstêmio, protegendo-o da pressão da festança. Esse “escudo social” pode ser um aliado no controle da vontade de beber.

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Pratique com antecedência o hábito de dizer “não, obrigado” a quem lhe oferecer bebida na festa. Se alguém perguntar sobre a sua abstinência, limite-se a dizer que “está ok”. Há quem diga aos familiares que está “tirando um sabático” do álcool, outros respondem que tem o “péssimo hábito de não beber”. De uma maneira ou de outra, não se sinta obrigado a dar mil explicações. Se ainda assim a pressão for grande, não hesite em ir embora.

No entanto, se a pessoa está abstêmia há pouco tempo, é preciso ser um pouco mais radical: o ideal é mesmo evitar ambientes em que a bebida alcóolica circule com facilidade, para evitar a ansiedade e diminuir a margem de risco de um gesto impulsivo. Uma alternativa é esta pessoa oferecer a festa, sob suas “condições”. E isso não precisa significar tédio ou monotonia. Já é mais que tempo de se desassociar alegria de bebida alcoólica, uma relação criada há décadas pela publicidade.

Natal, Reveillon, verão e Carnaval são poderosos gatilhos para recaídas ao consumo de álcool ou cigarro. Uma dica preciosa é estar atento ao que já se caminhou. Depois de dias, semanas ou meses de dedicação, vale a pena resvalar por conta de um único copo ou cigarro? Como diz o lema do Alcóolicos Anônimos: não beber “só por hoje”. A meta fica bem menos pesada e mais factível. Colecionar uma sequência de “só por hojes” traz uma vida mais prazerosa, completa e saudável.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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