Manual de Sobrevivência no século XXI Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman Psiquiatria
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10 dicas sobre o uso de aparelhos eletrônicos por crianças e adolescentes

A mudança de rotina imposta pelo confinamento ampliou as horas on-line

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 19 jun 2020, 13h52 - Publicado em 19 jun 2020, 13h23
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  • Quem convive com crianças e adolescentes conhece a desenvoltura que eles tem no manejo de celulares, tablets e computadores. Nativos digitais, com facilidade eles descobrem aplicativos ou recursos do aparelho que os pais sequer conheciam. Com a pandemia e as aulas escolares online, as horas diante das telas só aumentaram. Mas será que isso é saudável?

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    É inegável que a internet e a conectividade trouxeram aspectos positivos para este momento de restrição severa, diminuindo a sensação de distanciamento, oferecendo opções de entretenimento e “salvam” os pais nestes meses sem a ajuda de babás, escolas e avós. Ao final da pandemia, as ferramentas serão lembradas como meios importantes para manter relações afetivas significativas durante esse período difícil.

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    A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por outro lado, acredita que todo cuidado é pouco. O uso exagerado pode levar a quadros de ansiedade, depressão, déficit de atenção, dificuldade de estabelecer relações em sociedade, estímulo à sexualização precoce, adesão ao cyberbullying, baixo rendimento escolar, lesões por esforço repetitivo, exposição a conteúdo impróprio e dependência (tanto de redes sociais quanto de jogos online).

    Antes da pandemia, a SBP lançou um cartilha sugerindo aos pais atenção redobrada com o uso adequado da tecnologia por crianças e adolescentes. Entre as instruções, está limitar o tempo de exposição a telas ao máximo de duas horas por dia para crianças com idades entre seis e 10 anos e duas a três horas por dia para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos. Tais orientações estão mantidas, mas foram obrigadas a ceder espaço à flexibilização e ao bom senso impostos pela vida “real”, semana após semana em casa.

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    Se a mudança de rotina imposta pelo confinamento foi abrupta para nós, não podemos perder de vista que para eles também. O fato de serem usuários constantes das telas para o lazer não os deixa mais preparados para aulas via internet, que exigem outro nível de concentração.

    Listo abaixo dez dicas de como controlar a exposição das crianças e adolescentes a celulares, tabletes e computadores:

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    1) Junto com a criança ou o adolescente, faça uma lista de atividades para cada dia: um tempo para estudar, um tempo para se exercitar, um tempo para falar com os amigos. Flexibilidade é importante, mas a pandemia não deve significar o fim da disciplina. A criança e o adolescente precisam entender que o uso de gadgets para o lazer deve ser uma atividade programada e não um utensílio à disposição a qualquer momento.

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    2) Controle o tempo de uso das telas: desde smartphones, computadores, televisão, ou vídeo game. Uma boa ideia é fazer a criança ou o adolescente participar dessa decisão e entender a importância de se chegar a um acordo e cumpri-lo.

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    3) Evite tabletes e celulares antes de dormir. Eles perturbam o sono. Dormir bem, com o número de horas adequadas à cada faixa etária, é fundamental para a produção de hormônios de maneira fisiológica.

    4) Retire dos telefones os avisos visuais e sonoros de chegadas de mensagens de Whatsapp e mídias sociais. Isso diminui a vontade de checar o aparelho o tempo todo.

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    5) Jamais permita o uso de celulares e tabletes durante as refeições. É um momento precioso demais de convívio e troca para ser perdido com eletrônicos.

    6) Separe um período que você pode chamar de “tempo para a família”, ou seja, um tempo de qualidade para estarem juntos: criarem atividades de lazer, cozinhar, ter conversas interessantes ou aprender um jogo de tabuleiro. Faça isso regularmente.

    7) O entretenimento online pode ser legal, mas a vida real ainda é mais interessante. Estimule seu filho para atividades off-line, como ler um livro e praticar esportes.

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    8) “Frequente” a vida online do seu filho. Ele não deve ter segredos para você. Se ele for jogar, se ofereça para participar. Isso cria assunto entre vocês e dá uma oportunidade para controlar o conteúdo dos jogos e o tempo que ele passa conectado. Fazer uso de televisão ou computador no próprio quarto não é recomendado para crianças menores de 10 anos.

    9) Pais são modelos de comportamento. Se seu filho o vê o tempo inteiro no celular, ele dificilmente entenderá que isso seja um problema. Não seja o exemplo do que você repudia.

    10) Estamos todos vivendo um momento de extrema restrição e fuga da rotina usual. Sentir culpa não ajuda em nada neste momento. Com o fim do isolamento social, faça a readequação do uso dos aparelhos digitais. Maleabilidade e bom senso são bons aliados nesta hora.

    Caso estas dicas não surtam efeito e você perceba que a criança ou o adolescente não consegue controlar o tempo de uso de atividades on-line, procure ajuda de um profissional médico. Quanto antes, melhor. Ele saberá aconselhá-lo sobre como proceder.

    Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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