Casa Cor 2022 abre portas
De novo num antigo palacete no Jardim Botânico, mostra propicia viagens no tempo: para uma época de glória do Rio e para o futuro de instalações e metaverso
Sob um palacete rosa, na floresta útero oásis que existe em meio à selva de concreto no charmoso bairro do Jardim Botânico, é possível viajar no tempo e reviver os momentos de glória do Rio de Janeiro.
O palacete de 2,5 mil m2 que recebeu políticos, artistas e pessoas da alta sociedade carioca foi decorado pessoalmente pelos proprietários, Odaleia e Jorge Brando Barbosa, com móveis, arcos, portais e esculturas garimpados em antiquários e igrejas do interior do Brasil.
Hoje, o icônico casarão ganhou mais uma vez uma atmosfera contemporânea, sedeando pela segunda vez o Casa Cor, em sua edição 2022. É sempre um compromisso da mostra fazer o público se emocionar com o tema – “Infinito Particular”. São variedades de interpretações, olhares e sentidos.
Ao todo, são 45 ambientes projetados por 43 arquitetos, designers de interiores e paisagistas. Este ano, a mostra está cheia de novidades. A começar pela Vila Casa Cor, com espaços residenciais e comerciais no meio da abundancia verde de 12 mil m2 de Mata Atlântica. O objetivo foi colocar o visitante em contato com a vegetação, aproveitando melhor os espaços externos. Os organizadores quiseram utilizar mais os pátios e jardins da casa, além de fortalecer o olhar da sustentabilidade. As construções das vilas são todas de técnicas e métodos sustentáveis.
Rio de Janeiro é tropicalidade, sol e muita natureza. Há muitos ambientes fluidos, que propiciam a convivência, sempre banhados de luz e ventilação natural, como o espaço do arquiteto Dado Castelo, onde a cor branca predominou com muita elegância.
Os espaços multifuncionais, materiais naturais e a sustentabilidade são as principais tendências dessa mostra. Arte também é um dos grandes destaques este ano. Ela aparece nas mais variadas formas. Outra parte essencial na experiência Casa Cor está na instalação da artista visual Maritza Caneca, que transformou a piscina pink numa instalação hipnotizante.
Tive o grande prazer de entrevistar Maritza, que começou sua carreira na década de 1980. Entre suas mostras recentes, está a série de “Piscinas”, sucesso internacional, tendo a água como protagonista.
Manu: Existe moda na arte?
Maritza: Acredito que moda e arte estejam muito conectadas, ambas são formas de se expressar. A moda é influenciada pela arte, como o estilista francês Yves Saint Laurent, que teve seu trabalho influenciado pelo pintor Mondrian. Mas o oposto também acontece: a moda também influencia a arte. Amo passear, olhar as vitrines das lojas, ver campanhas de moda… Isso tudo me inspira. Vejo os estilistas como artistas que usam o tecido como seu objeto de trabalho. Tanto a moda como a arte têm a capacidade de retratar a história.
Manu: A arte interfere na ambientação?
Maritza: Para mim, a arte interfere muito na ambientação, e não há nada mais gratificante do que ver uma piscina minha emocionar uma pessoa ao ponto de tê-la em sua casa. Os trabalhos que tenho na minha casa, meus e de outros artistas, cada um tem um significado, ou memória ou emoção. E tem um grande impacto na ambientação.
Manu: A arte on-line (metaverso) veio para ficar?
Maritza: Acho que essa é a pergunta que estão todos se fazendo, mas ainda não sabemos a resposta. Acho interessante, pois é uma nova forma para nós, artistas, viabilizarmos o nosso trabalho. O Bam’boo bar é um espaço metaverso e está incrível, com trabalhos muitos bacanas. Eu tenho um trabalho lá, mas gosto do contraste também, da minha piscina escultórica do lado. Acho legal quando o novo e o antigo conversam em um mesmo ambiente.
Programa obrigatório para os amantes da arquitetura e decoração, a Casa Cor fica em cartaz até dia 26 de junho. Boa visita!