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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Teatro, por Claudia Chaves: Claustrofobia” — A saída, onde está a saída?

Podemos pensar na metáfora do sentido de claustrofobia: um pavor de se ver em uma situação da qual não se pode sair

Por lu.lacerda
Atualizado em 21 mar 2025, 12h11 - Publicado em 21 mar 2025, 10h00
Claustrofobia_ Crédito Nil Caniné (10)
 (Nil Caniné/Divulgação)
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“Claustrofobia” é o medo do claustro  — o conjunto da galeria e do pátio ou parte do mosteiro. Mosteiro é uma residência reclusa. Pois é… Apesar de a definição corrente ser que claustrofobia é o medo de ficar trancado em um ambiente pequeno, podemos pensar na metáfora do seu sentido: um pavor de se ver em uma situação da qual não se pode sair.

“Claustrofobia”, o solo escrito por Rogério Corrêa, apresenta estereótipos que encontramos em todos os lugares, mas que crescem como personagens em conflitos, num jogo dramático que mostra a loucura travestida de medo diante dos maiores pavores da contemporaneidade.

Claustrofobia_ Crédito Nil Caniné (1)
(Nil Caniné/Divulgação)

Com a direção minuciosa e milimétrica de César Augusto, Marcio Vito interpreta três personagens: um ascensorista-imigrante-nordestino, uma jovem executiva bem vestida-pilhada e um porteiro-contador-de vantagens, que sonha em ser policial, representando a promessa mentirosa de um viés do Brasil recente.

Na voz, na expressão e no movimento de Márcio, os personagens ganham corpo, voz, personalidade e contornos de conflitos em diálogos totalmente esquizofrênicos, pois, mesmo com a presença de interlocutores, cada um fala para si mesmo, na solidão do celular. O porteiro se sente um policial — seu sonho; a executiva se vê com mais poder do que realmente tem; o ascensorista vive de lembranças.

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Márcio Vito_Claustrofobia_Crédito Nil Caniné (4)
(Nil Caniné/Divulgação)

“Claustrofobia” revela um ator performático, permitindo que o humor mordaz — típico dos ingleses, visto que o autor se divide entre Inglaterra e Brasil — brilhe em cena. O magnífico desempenho de Márcio, que faz parecer fácil o que é difícil, valeu-lhe, com justiça, indicações de melhor ator nos prêmios Shell e APTR.

A cenografia, herdeira do cânone “menos é mais”, assinada por César Augusto e Beli Araújo — premiada no Prêmio Shell —, simula um elevador, um cubo sem paredes imerso na negritude do palco. Uma enorme instalação evidencia que as artes do palco vão além de um ator que apenas interpreta um texto, sendo algo digno de ser visto em um ambiente de arena.

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César, Rogério e Márcio Vito transformam a peça em dois níveis. Os personagens, ao mesmo tempo, apresentam aquilo que há de mais triste no ser humano e de mais insuportável em nossa sociedade atual: a invisibilidade do sujeito e da alma, a ambição capitalista, a cretinice do comportamento e o sonho inalcançável de crescer — mas sempre se encaixando no que há de pior: a repressão autorizada. Estamos todos, sem escolha, encerrados, sem saída, em algum elevador que não se move.

SERVIÇO:

Temporada de 24 de março a 29 de abril, segundas e terças, às 19h.

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Teatro Firjan SESI Centro (Av. Graça Aranha)

Ingressos: https://bit.ly/Claustrofobia_Sympla
@claustrofobia.teatro

Claudia Chaves
(Arquivo/Arquivo pessoal)
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