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Lu Lacerda

Por Lu Lacerda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jornalista apaixonada pelo Rio

Marie Bèndelac: vitimismo — um vírus silencioso nas organizações

Acompanhei de perto o efeito corrosivo de uma colaboradora em posição de liderança. Sempre que algo dava errado, ela se colocava como vítima

Por lu.lacerda
Atualizado em 22 set 2025, 10h46 - Publicado em 22 set 2025, 09h00
asfdsa
 (ChatGPT/Divulgação)
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Há alguns anos, quando ainda atuava como diretora em uma multinacional, acompanhei de perto o efeito corrosivo de uma colaboradora em posição de liderança. Sempre que algo dava errado, ela se colocava como vítima.

Nunca assumia responsabilidade: a culpa era sempre de alguém do time, de um fornecedor ou de um “fator externo”. O mais grave: além de se vitimizar, também perseguia — criticava, expunha e culpava colegas, criando um ambiente de medo e desconfiança.

Parecia inofensiva — afinal, falava com um ar de fragilidade, como quem só queria ser ouvida. Mas, aos poucos, contaminava o time. Os talentos mais comprometidos se sentiam injustiçados, a liderança perdia tempo apagando incêndios emocionais e a cultura da empresa começava a se curvar diante de uma lógica perversa: quem mais reclama ou manipula, mais atenção recebe.

Esse é o efeito do vitimismo nas organizações: um vírus silencioso. Invisível nos relatórios, mas devastador na prática. CEOs, diretores e líderes de RH sabem o quanto custa manter um colaborador incompetente. O que nem sempre se mede é o impacto da vitimização — sobretudo quando parte de alguém em cargo estratégico — na confiança, no engajamento e no resultado coletivo.

Pesquisas recentes mostram que tolerar esse comportamento não é apenas um “incômodo de gestão”: é um prejuízo para a empresa.

A McKinsey (2024) identificou que empresas que adotam gestão de desempenho centrada nas pessoas — com clareza de expectativas e feedback contínuo — têm crescimento de receita 30% maior e rotatividade 5 pontos percentuais menor. Em outras palavras: quando a responsabilização é negligenciada, a conta vem em queda de resultados.

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Segundo a Forbes Brasil (2025), 82% dos CEOs já reconhecem que bem-estar e cultura organizacional estão diretamente ligados à performance financeira. Não se trata apenas de gente feliz no trabalho, mas de proteger o ativo mais caro da empresa: a confiança.

O Great Place to Work (2025) reforça que líderes “tóxicos” minam a sensação de justiça interna — e a justiça é um dos principais fatores de engajamento e retenção de talentos.

O recado é claro: vitimismo tolerado, especialmente em posições de liderança, gera perda de produtividade, fuga dos melhores profissionais e erosão silenciosa da cultura.

O círculo vicioso do Triângulo de Karpman

Há muitos anos, me apaixonei pela teoria do Triângulo Dramático de Karpman — Vítima, Perseguidor e Salvador — presente em todas as organizações.

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A Análise Transacional descreve bem esse fenômeno: quem se coloca sempre como Vítima arrasta colegas e líderes para os papéis de Salvador ou Perseguidor, criando um círculo vicioso de conflitos e improdutividade.

Aquela colaboradora oscilava entre esses papéis: ora se apresentava como vítima injustiçada, ora atacava colegas como perseguidora. O resultado era previsível: um ambiente tóxico, de insegurança, onde ninguém queria assumir riscos ou inovar.

O antídoto: Método Conecta

Líderes não precisam escolher entre ser “duros demais” ou “passivos demais”. Existe um caminho do meio: o equilíbrio entre empatia e firmeza, com responsabilidade. É aqui que aplico o Método Conecta — 7 passos que desenvolvi a partir da minha experiência em Comunicação Não Violenta e liderança em multinacionais.

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Um exemplo de aplicação diante de colaboradores que se vitimizam, mesmo em cargos estratégicos:

Imagine a seguinte cena. Em uma reunião, a líder que se vitimiza afirma:

— “Nada funciona porque o time não me apoia. Eu sempre fico sobrecarregada.”

Aplicando o Método Conecta, o gestor poderia responder assim:

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  • Curiosidade: “Quero entender melhor o que você está sentindo em relação à equipe.”
  • Ouvir: dar espaço para ela expor sua visão, sem interromper.
  • Não Julgar: “Vejo que essa situação tem sido difícil para você.”
  • Empatizar: “Imagino que se sinta frustrada e sobrecarregada quando acredita que não tem apoio.”
  • Checar: “Quando você diz que não tem apoio, está se referindo a prazos não cumpridos ou à colaboração em reuniões?”
  • Transição: “Posso compartilhar a minha percepção sobre isso?”
  • Assertividade: “Percebo que em algumas situações houve falhas de comunicação, mas também precisamos assumir juntos a responsabilidade pelos resultados. Quero que você traga soluções, além dos problemas. Como podemos dividir melhor essas tarefas daqui para frente?”

Esse diálogo não elimina a necessidade de responsabilização, mas evita cair no jogo da vitimização. Mostra que é possível equilibrar firmeza e empatia, conduzindo a conversa para clareza e compromisso.

Milhares de pessoas já aplicaram esse passo a passo e relataram resultados imediatos e surpreendentes em suas conversas. Com o método, a liderança consegue manter o equilíbrio entre acolhimento e clareza, transformando interações improdutivas em oportunidades de crescimento — ou conduzindo, quando necessário, desligamentos respeitosos e assertivos.

Quando você mantém um gestor ou colaborador que se vitimiza e não se responsabiliza, não está apenas sendo “compreensivo”. Está, na prática, desrespeitando os que entregam em silêncio, carregando a empresa nas costas.

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Minha pergunta para você, líder, é: onde, na sua equipe, a vitimização está sendo tolerada — e quanto isso já está custando para os talentos certos que você não pode perder?

Para mais informações, pode me acompanhar nas redes sociais — principalmente no LinkedIn.

Marie
(Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
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