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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Marie Bèndelac: O desafio de ser firme sem perder a humanidade

Nas relações humanas, a libertação cristã se manifesta através da compaixão, do diálogo, da escuta

Por lu.lacerda
Atualizado em 21 abr 2025, 14h32 - Publicado em 21 abr 2025, 09h00
 (IA/Internet)
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Recentemente, eu estava conduzindo uma sessão de mentoria com um executivo, que me disse o seguinte:

“Marie, acho que o meu maior desafio na comunicação é encontrar o equilíbrio. Às vezes, perco a paciência e pareço duro ou agressivo; outras, fico receoso de me posicionar e acabo sendo passivo ou bonzinho demais. Perco o timing e a oportunidade de me expressar.”

Isso me lembrou o título de um livro pelo qual sou apaixonada e que foi um divisor de águas para mim:

“Deixe de Ser Bonzinho e Seja Verdadeiro: Como se relacionar bem com os outros, sendo você mesmo”, do Thomas d’Ansembourg. Advogado, consultor jurídico certificado em Comunicação Não Violenta (CNV), ele se especializou muito cedo na gestão de conflitos.

O que faltava para aquele executivo não era técnica –  era coragem para ser autêntico no ambiente de trabalho, sem deixar de ser cuidadoso.

Ele precisava se libertar de padrões de linguagem ineficazes e, sobretudo, de alguns medos vindos de experiências passadas com líderes autoritários e dominadores.

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Foi quando me veio à mente a Páscoa, palavra que vem do hebraico “pessach”, que significa passagem. É o símbolo da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito.

Na Páscoa cristã, Jesus é visto como o novo libertador – não para conduzir o povo a um território geográfico, mas a uma nova consciência de vida, fé e amor. Ele ensinou a amar, a servir e a perdoar.

Nas relações humanas, a libertação cristã se manifesta através da compaixão, do diálogo, da escuta.

Para mim, é a metáfora perfeita da libertação que todos podemos vivenciar nas nossas relações: do medo para a coragem, da passividade para a assertividade, da dureza para a empatia, da reação para a escolha consciente.

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A Comunicação Não Violenta, criada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg, é uma linguagem que também nos convida a atravessar –  não para um lugar geográfico, mas para um novo estado de consciência.

Como ele costumava dizer:

“As palavras são janelas… ou são paredes.”

Vejo, dia após dia, profissionais brilhantes se sentindo impotentes diante das suas próprias emoções – não por falta de inteligência, mas por excesso de exigência e por acreditarem que só existem dois modos de falar: calar-se para não ferir, ou explodir para tentar ser ouvido e respeitado.

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A CNV nos propõe um terceiro caminho: o da assertividade empática. E não há momento mais propício para lembrar isso do que a Páscoa.

Jesus, cuja jornada inspira milhões até hoje, não foi nem omisso, nem violento.

Ele foi presença, coragem e empatia ao mesmo tempo.

Lavou pés. Silenciou diante da agressão. Confrontou com firmeza quando necessário.

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E, quando crucificado, pronunciou uma frase que para mim tem muito a ver com a CNV:

“Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.”

Marshall Rosenberg dizia:

“Toda violência é a expressão trágica de uma necessidade não atendida.”

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É exatamente isto que vejo nas empresas, nas famílias, nos relacionamentos humanos: pessoas querendo acertar, mas se perdendo na linguagem; desejando conexão, mas sem saber nomear o que sentem ou precisam.

A Páscoa nos relembra que o caminho para a liberdade passa pela escuta – pela escuta de si, do outro, do que ainda pulsa atrás dos silêncios e das defesas.

Talvez o verdadeiro renascimento comece quando deixamos de lutar para vencer… E começamos a dialogar para compreender.

Empatia e firmeza podem e devem andar juntas. Esse é o caminho para relações e ambientes mais saudáveis.

Feliz Páscoa!

Marie
(Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
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