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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Marie Bèndelac: como identificar e se proteger de psicopatas corporativos

“Cuidado com quem sempre se diz ferido, mas vive ferindo os outros sem culpa.”

Por lu.lacerda
Atualizado em 30 jun 2025, 11h11 - Publicado em 30 jun 2025, 10h00
 (IA/Reprodução)
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Lobos em Pele de Cordeiro

“Cuidado com quem sempre se diz ferido, mas vive ferindo os outros sem culpa.”

Já ouviu falar em pessoas que usam a vitimização como tática de poder? Que manipulam equipes, destroem ambientes de confiança e minam lideranças silenciosamente, enquanto se posicionam como os injustiçados da história?

Essas pessoas existem e, infelizmente, muitas vezes estão em posições estratégicas dentro das empresas.

Um estudo de Bond University revela que “cerca de um em cada cinco chefes corporativos (20%) exibe traços psicopáticos clinicamente significativos”, valor comparável ao encontrado em presidiários.

Chamo esse perfil de psicopata corporativo com pele de vítima: aquele que não grita, não se impõe agressivamente, mas mina reputações com meias verdades, se omite para depois acusar, e sabe inverter o jogo emocional com maestria. Sua principal arma não é a força bruta, mas a manipulação emocional refinada. E uma das táticas mais perigosas é a vitimização constante.

Metanálises no Reino Unido identificam que 36% dos casos de bullying estão diretamente relacionados a psicopatas corporativos.

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Vítimas de bullying corporativo relatam sintomas sérios: 49% com depressão clínica, 52% com ataques de pânico, 77% com insônia ou tristeza profunda.

Segundo o relatório da Talent Canada, chefes tóxicos custam bilhões às empresas por meio de estresse, afastamentos e alta rotatividade.

Custo global da saúde mental:

Prejuízos globais com depressão e ansiedade somam cerca de US$ 1 trilhão/ano em perda de produtividade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Quando a empatia é sequestrada:

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Como especialista em Comunicação Não Violenta (CNV), defendo o poder da escuta, da empatia e da responsabilização mútua nos relacionamentos profissionais. Mas a CNV não é ingenuidade. Ela também nos ensina a reconhecer jogos emocionais que simulam empatia, mas servem apenas ao controle.

Psicopatas corporativos sabem usar a linguagem empática para mascarar intenções. Distorcem fatos, colocam-se como alvo de perseguição, promovem narrativas de exclusão. E, no fundo, manipulam para obter poder, influência ou impunidade.

Em um dos meus atendimentos, um líder relatou que uma colaboradora sutilmente desestabilizava o time. Criava alianças silenciosas, fazia insinuações sobre colegas e, quando confrontada, chorava, dizia estar sendo excluída e criava tensão com RH. Aos poucos, o clima foi minado. Resultado: três pessoas pediram demissão, e o líder foi colocado em xeque.

Como reconhecer um psicopata corporativo?

Diferente do senso comum, o psicopata organizacional nem sempre é aquele que grita, humilha ou faz escândalos. Pelo contrário: pode ser carismático, inteligente, articulado. Usa a vitimização para manipular líderes e conquistar aliados. Mas sempre deixa um rastro de desgaste, medo e confusão.

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Por isso, líderes e gestores precisam aprender a ver além do discurso, especialmente quando ele é sedutor ou cheio de queixas emocionais.

A capacidade de manipulação é impressionante e assustadora. Pouquíssimas pessoas conseguem enxergar e ter discernimento, por falta de experiência e conhecimento.

No meu curso on-line “Xeque-Mate 2.0”, ensino como identificar e lidar com perfis psicopatas. Nada como a vivência e a experiência… Além de ter me aprofundado no estudo da psicopatia, convivi com algumas pessoas psicopatas durante anos. Tem coisas que só quem passou consegue enxergar.

Cinco estratégias para identificar, desmascarar e se proteger:

1. Observe o padrão, não o episódio isolado

Todo mundo pode viver um conflito. Mas psicopatas emocionais repetem comportamentos disfuncionais com diferentes pessoas, sempre se posicionando como vítimas. Desconfie de quem vive em guerra com o mundo, mas nunca assume responsabilidade.

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2. Confie no que você vê, não só no que ouve

Manipuladores são hábeis em contar versões emocionantes. Mas, muitas vezes, suas atitudes não condizem com suas palavras. Veja o impacto que causam nos outros, e não apenas o discurso que apresentam.

3. Promova conversas em grupo, não só individuais

Psicopatas corporativos evitam confrontos públicos. Eles preferem agir nos bastidores. Promover reuniões abertas, com espaço seguro para todos falarem, reduz o terreno fértil para manipulações individuais.

4. Registre comportamentos, não julgamentos

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Ao lidar com situações sensíveis, anote o que foi dito, feito, prometido e cumprido. Isso não é paranoia, é inteligência emocional aplicada à liderança. Relatórios objetivos são escudos contra distorções futuras.

5. Fortaleça a cultura de responsabilidade compartilhada

Em ambientes em que todos são convidados a falar e também a responder pelas próprias atitudes, fica mais difícil para o manipulador se esconder. A clareza é o maior antídoto contra a manipulação emocional.

A CNV é uma linguagem poderosa, mas precisa caminhar com lucidez e firmeza emocional. Reconhecer e neutralizar manipulações não é falta de empatia, é um ato de proteção coletiva.

Empatia não é permitir tudo. É enxergar com clareza e agir com firmeza, humanidade, coragem e integridade ao mesmo tempo.

Boa semana!

Marie
(Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
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