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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Marie Bèndelac: como gerenciar afetos, egos e negócio de família

Quando afeto e negócios se confundem: o dilema das mulheres que comandam empresas familiares

Por Daniela
17 nov 2025, 09h04
sdfsd
 (Gemini/Divulgação)
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Recentemente, fui procurada por uma mulher empresária que precisava organizar sua sucessão. Fundadora de uma empresa há mais de 30 anos, construiu uma história de sucesso admirável e hoje é referência no seu setor.

Ela tem três filhos. Os três já trabalharam com ela em diferentes momentos. Dois deles geraram resultados extraordinários. Um em especial triplicou o faturamento da empresa em pouco tempo: brilhante, estratégico, visionário. Mas também agressivo, explosivo e difícil de conviver, o que gerava desgaste na família.

O terceiro filho, por outro lado, não tinha o mesmo perfil de performance. Era mais lento, mais calmo, mas também mais sensível e empático, agradável de conviver.

Quando chegou a hora de escolher quem ficaria à frente da empresa, ela surpreendeu muita gente, inclusive a própria família. Optou pelo filho mais tranquilo, ainda que menos “rentável”.

Disse algo que me marcou profundamente:

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“Prefiro uma empresa que cresça um pouco menos, mas que continue sendo um bom lugar para trabalhar e que não gere desgaste entre nós.”

Foi uma decisão de coragem, uma lição de sabedoria. Ao longo dos últimos 30 anos, sempre observei o contrário: a performance acima de qualquer coisa e acima da qualidade das relações humanas e do bom ambiente de trabalho.

Se liderar é um desafio, imagine liderar a própria família: exige um grau de lucidez, tato e equilíbrio emocional que poucos estão preparados para sustentar.

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As mulheres que fundaram e conduzem empresas familiares carregam uma responsabilidade que vai muito além dos números. Elas administram afetos, egos, heranças e expectativas, tudo ao mesmo tempo.

Segundo o estudo “The Power of Women in Family Business” (KPMG, 2024), mulheres em empresas familiares ainda enfrentam resistência em posições de decisão, especialmente quando precisam conciliar resultados e relações. Já o relatório da ONU (UNDP, 2024) mostra que as mulheres empresárias brasileiras acumulam, em média, 70% mais carga mental relacionada à gestão da família do que seus pares masculinos. E uma pesquisa da Ipsos (2025) revelou que 52% dos brasileiros consideram a saúde mental o maior problema de saúde do país — dado que inclui justamente essas mulheres que tentam equilibrar papéis múltiplos.

Por trás da fortaleza e da elegância, há uma exaustão silenciosa: a dor de precisar ser justa, racional e afetiva ao mesmo tempo.

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Empresas familiares são laboratórios vivos de emoções. Conflitos profissionais se misturam com feridas antigas. Decisões de negócios viram dramas afetivos. E a fronteira entre “mãe” e “CEO” fica cada vez mais tênue.

Nessas horas, a Comunicação Não Violenta (CNV) é muito mais do que uma ferramenta: é vital. Ela devolve à liderança a capacidade de separar fatos de julgamentos, ouvir sem interromper, acolher sem se anular e expressar-se sem ferir. A CNV ajuda a transformar conversas difíceis em pontes de entendimento — algo essencial quando família e empresa se entrelaçam.

Ao aplicar a CNV nesses contextos, percebo que o conflito raramente está no que se diz, mas no que não é dito: a necessidade de reconhecimento, o medo de perder o pertencimento, a luta por espaço e valor. Quando essas camadas são nomeadas com empatia e clareza, a energia da disputa se converte em diálogo. E o negócio e a família voltam a respirar.

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A empresária que mencionei no início entendeu que harmonia e resultado não precisam ser opostos. Ela escolheu o equilíbrio em vez da disputa. Escolheu a continuidade em vez da vitória imediata. E, acima de tudo, escolheu a saúde emocional da empresa e da família.

No fundo, essa é a decisão mais difícil — e mais corajosa — que uma mulher pode tomar: continuar liderando, mas sem se perder de si. A Comunicação Não Violenta é o caminho que torna isso possível. Ela ensina que é possível liderar com firmeza sem perder a doçura. E que o verdadeiro legado de uma mulher à frente de uma empresa familiar não é apenas o patrimônio que deixa, mas a cultura de respeito e diálogo que constrói.

Marie
(Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
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