Isabela Bussade (Endocrinologista): “Não chame de canetinha emagrecedora”
"Finalmente, a liraglutida poderá chegar a quem antes não tinha acesso por causa do alto custo"

O debate sobre as “canetas emagrecedoras” — ou, como prefere a endocrinologista Isabela Bussade, “análogos injetáveis” — anda quente na ciência, nas redes e nas conversas (longe das mesas fartas!). Desde 4 de agosto, o assunto cresceu: a EMS passou a vender versões fabricadas no Brasil, e a Fiocruz anunciou parceria para produzir opções populares.
Isabela, que tem clientes no Rio e São Paulo, comemora: “Finalmente, a liraglutida poderá chegar a quem antes não tinha acesso por causa do alto custo”. Mas é radicalmente contra a expressão “canetinha emagrecedora”: “Acho um absurdo os médicos usarem, porque só reforça o estigma e banaliza uma medicação extremamente complexa, que tem quase 20 anos de estudo, indicada para tratamento de uma condição clínica grave, que é a obesidade. Então, banalizar no diminutivo aumenta o uso indiscriminado, como se fosse algo de muito pouca relevância, muito simples. O correto é “análogos injetáveis”, até porque é uma molécula análoga à cópia de um hormônio que a gente produz”.
Para além da febre estética, ela defende separar os debates: o desejo social pela magreza é um fenômeno; o uso correto dos análogos, outra história. E, nessa história, nomes importam — e muito.