Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Imagem Blog

Lu Lacerda

Por Lu Lacerda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jornalista apaixonada pelo Rio

“Invertida”, com Enrique Diaz: “Um porre é o sensacionalismo”

O ator está em cartaz com "Férias", no Teatro Claro Mais, em Copacabana, com Drika Moraes, em peça que ela encomendou a Jô Bilac

Por lu.lacerda
Atualizado em 31 ago 2025, 08h29 - Publicado em 31 ago 2025, 07h00
fsadsds
 (Fabiano Battaglin/GShow/Divulgação)
Continua após publicidade

O público já se acostumou a ver Enrique Diaz no modo vilão “nível pesado”: ora aquele coronel pronto pra engolir meio mundo (Firmino, do remake de “Renascer”, comparado até a Loki, vilão da Marvel), ora o contraventor canastrão com humor ácido, como Gerson, de “Volta por Cima” (novela das sete da Globo). Agora, ele se prepara para viver um pastor em “Três Graças”, próxima novela de Aguinaldo Silva (pós-“Vale Tudo”).  “Estou pesquisando em séries, filmes e livros ficcionais, mas também quero visitar igrejas”, diz.

Apesar dos personagens odiosos, deixando até uma perturbação em quem assiste, Enrique desliza em qualquer terreno: comédia, drama e até vida real. Nas redes, é debochado, leve, inteligente; entre amigos, é Kiki. O lado lúdico-erótico (e menos pastor) está em cena em “Férias”, no Teatro Claro Mais, em Copacabana, até 21 de setembro, com Drika Moraes, em peça que ela encomendou a Jô Bilac. Os dois se conheceram nos anos 1980, no Tablado, quando namoraram na adolescência e, desde então, mantêm vivos os elos da amizade, digamos assim.

Até então, Enrique só assinava a direção, com Débora Lamm, mas assumiu o papel de Fábio Assunção. Os dois não contracenavam há 42 anos. A história é de um casal que celebra os 25 anos de casamento num cruzeiro, onde vivem aventuras e memórias que parecem se confundir com a vida dos próprios atores. “É como se a gente estivesse num playground. Há também ideias que têm a ver com isso, com uma certa ludicidade, como o avental de nu frontal (impresso no tecido) — um cenário que parece um tobogã, uma pista de skate. Tudo lembra sensações de prazer e de jogo. É uma festa meio erótica, lúdica, vital, prazerosa”, diz ele, que é pai de Elena, de 20, e Antonia, de 16, do casamento de 25 anos com a também atriz Mariana Lima — e uma relação invejável com a ex.

UMA LOUCURA: Como a arte não é valorizada como uma coisa de saúde pública? O governo deveria pensar em arte como política cultural.  Agora mesmo, a Polícia está derrubando um teatro em São Paulo: a Prefeitura deu mais 60 dias para o Teatro de Contêiner Mugunzá, no Centro, desocupar um  imóvel da administração municipal. É um teatro que está fazendo uma costura do tecido social ali, superimportante, com arte, custeando tudo, e estão lá tentando derrubar. Eu acho essencial a conexão entre arte, cultura, educação e cidadania. É uma loucura não se dar valor e não se fazer uso disso.

UMA ROUBADA: Os haters. O pensamento de cancelamento, hoje em dia, é uma coisa estimulada pelas big techs e tal. Quanto mais treta, melhor. É uma roubada porque as pessoas vão ficando burras. Elas não percebem que as questões estão dentro da gente. Então, é sempre o outro o culpado, o outro que tem que ser cancelado. E as pessoas vão ficando conservadoras. Em vez de avançarem numa maturação emocional, vão criando uma espécie de religiosidade do mal, ou seja, existe um demônio que é o outro.

Continua após a publicidade

UMA IDEIA FIXA: A minha ideia fixa permanente, meio Jô Bilac, é a de como a gente fazer para ser fluido, para estar em transformação e não sucumbir. A ideia fixa é de… “be water, my friend” (“seja água, meu amigo”), uma famosa filosofia de Bruce Lee que ensina a importância de ser adaptável e flexível. Como é que se faz para isso ser possível?

UM PORRE: Um porre é o sensacionalismo. Esse uso da intimidade de uma maneira nefasta que a imprensa muitas vezes faz, e que fica se alimentando das fofoquinhas. Eu acho isso uma chatice sem fim.

UMA FRUSTRAÇÃO: Eu queria ser músico, tocar instrumentos, passar o dia tocando piano, violão. Não tenho vocação. Mas tenho planos de fazer uma aula de baixo lelê, que é um ukulele baixo (que combina características de um baixo elétrico com um ukulele). Já comprei e é muito bonitinho. Tenho piano em casa, porque minhas filhas tocam. Tive algumas aulas. Adoraria ter a música mais presente no meu dia a dia.

Continua após a publicidade

UM APAGÃO: A “Dança dos Famosos” foi muito divertida. Adorei, o público foi superfofo. Teve uma hora em que eu estava ensaiando “Férias” ao mesmo tempo que eu fazia “Dança”. Chegava ao teatro e ficava passando a coreografia; então, fiquei muito cansado, fisicamente e mentalmente. Quando chegou o dia da salsa, que é uma dança muito rápida, fui pulando o espaço porque eu não conseguia ter a rapidez mental para fazer aquilo. Aí, eu dei meu truque, mas aquilo foi uma espécie de apagão.

UMA SÍNDROME: Um certo perfeccionismo, mas não um perfeccionismo absolutista, mas um desejo sempre de continuar no debate. Estamos trabalhando, a gente vai procurando, detalhando. Eu acho isso legal, importante, contanto que seja saudável no pacto das relações de quem está criando. Mas eu gosto. É uma cena de continuar trabalhando.

UM MEDO: De sufocamento. Por exemplo, eu não brigo porque, se eu brigar fisicamente, tenho medo de alguém me enforcar, sabe? Não, não quero isso. Morro de medo de não ter ar. Preciso de ar, preciso de espaço.

Continua após a publicidade

UM DEFEITO: Sou meio cricri, sabe? Tenho um lado meio racional demais, que argumenta demais. Poderia deixar esse lado mais solto, mais leve, mais embriagado e, de certa maneira, fico racionalizando, achando razões, fazendo contas. Eu era muito bom de Matemática, então acho que é herança — às vezes, vantajosa, mas, por outras, sou chato. Meus amigos vão reconhecer isso se eles lerem.

UM DESPRAZER: Quando percebo, sofro qualquer tipo de humilhação, uma sensação de um poder exercido de uma maneira nefasta, feia, do mal. E humilhações com os outros, um querer mal, uma coisa, não sei, é como se fosse um sumo de ódio… A microfísica do poder é um desprazer enorme.

UM INSUCESSO: Vou falar um bem pontual: uma peça que fiz quando tinha 17 anos. Meu pai teve que ir ao Juizado de Menores para me liberar porque era uma peça sobre o teatro Ipanema dos anos 70, “Honey Baby, era uma vez nos anos 70”, e as pessoas tinham 30 e tanto, e eu fazia par romântico com a Ângela Leal, maravilhosa. Não tinha orgia nem nada, mas era uma galera dos anos 70; tinha beijo na boca de várias pessoas, tinha droga na narrativa… Foi o maior fracasso da minha carreira, mas foi uma experiência ótima porque eu fui lá fazer teatro adulto, mas foi um flop, um fracasso total.

Continua após a publicidade

UM IMPULSO: Eu fumei uma época e parei de fumar; agora eu tô dando umas fumadinhas e penso o quanto é horrível fumar — é uma coisa viciante. Agora eu tô com essa coisa de não querer, mas aí tem esse impulso que faz eu pegar o cigarro. E cigarro deve ser banido da face da Terra.

UMA PARANOIA: De como os outros nos veem. A gente perder tempo com isso. Mas tem um lado que é legal porque a gente vai fazendo jogo social, vai tentando perceber pra não ser um babaca. É uma paranoia também, porque você fica procurando critérios de julgamento que estão na cabeça dos outros. Lembro que uma vez li, em algum lugar, que você não se preocuparia tanto com o que pensam de você se você soubesse o quão pouco eles o fazem. Ou seja, as pessoas nem estão pensando em você, e você tá achando que vai ser o centro do mundo. Isso é uma paranoia. Acho que, de certa maneira, todo mundo tem, mas faço análise há 250 anos, pra tentar colocar isso num lugar mais legalzinho. Ah! Eu acho que tô melhorandinho, aos pouquinhos…

 

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do RJ

A partir de 32,90/mês