Gastronomia (por Bruno Calixto): à mesa, com Malu Galli (de “Vale Tudo”)
“Não tenho o hábito de pedir delivery. Se estou em casa, preparo alguma coisa", diz Malu Galli

A atriz Malu Galli tem dado um show como a tia Celina na nova versão de “Vale Tudo”. O papel realça (se é que isto é possível) ainda mais sua capacidade de atuar com maestria — uma das poucas atrizes que economizam em cena tamanha generosidade e técnica de interpretação. Já dividimos algumas mesas por aí, regadas a um bom papo e doses altíssimas de finalidade.
Carioquíssima, Malu é essencial num Brasil que ainda insiste em descumprir seu papel com a civilidade, ao persistir na intolerância, uma das pautas que ela defende com unhas e dentes, assim como a de circular pelo seu Rio: “Não tenho o hábito de pedir delivery. Se estou em casa, preparo alguma coisa, se vou comer em restaurante, ou lanchonete, aproveito para sair”, diz Malu, uma gourmet das boas e que, por isso, compartilha a boa mesa carioca na coluna desta semana.
Morando no Flamengo, o que você tem comido e bebido no bairro? Alguma descoberta espetacular?
Zuza Fish Bar para sentar na calçada e comer bem. Le Panet e Bicho Pão, duas padarias sensacionais. Três casas para aquele momento especial e três para passar uma noite bebericando. Intihuasi, o primeiro peruano do Rio, o melhor ceviche e o melhor pisco sour. Katz-Su, asiático incrível. Sabores de Gabriela para comer acarajés e comida baiana bem feita. Gosto do Labuta Mar para sentar na cadeira de praia, na praça. Quartinho, para ouvir uma boa playlist junto com os drinques. Birosca, num espaço maravilhoso, pra curtir um happy hour dia de semana ou almoço no finde.
Onde sentar para tomar vinho? Sei que você adora…
Tasca da Mercearia: você pode escolher uma garrafa dos vinhos portugueses do empório. E o Libô. Não frequento muitos bares de vinho, geralmente bebo num restaurante ou em casa.
Onde o Rio é mais carioca à mesa?
Na Adega Pérola, em Copacabana; na Leiteria Mineira, no Centro; e na feijoada no Bar do Mineiro, em Santa Teresa.
E os pratos que você mais ama? E o que não vai de jeito algum?
Gosto do bobó de camarão do Afonso. Do spaguetti ao sugo com a receita da minha nonna Milena. De guacamole que eu faço com muuuuito coentro. De manjar de coco. De broa de fubá de Goiás, receita da minha avó Ione. Gosto de pastel, de empada. De pão com manteiga. Comida japonesa. Não como carne de vaca nem de caça. Não como cordeiro, nem abóbora, nem caranguejo, nem feijão-branco, nem salsa. Nem coração de galinha. Nem ostra.
Um (a) chef tem merecido mais sua atenção?
Não estou muito ligada nos novos chefs. Curto os antigos: A (Roberta) Sudbrak, a (Roberta) Ciasca, o (Claude) Troisgros.
E o serviço no Rio? Amado por uns, criticado por muitos…
O Rio não faz a fama pelos “serviços”, como SP. A fama do Rio é prazer, autenticidade. Isso pode incluir mau humor dos garçons antigos, rs; já vira lenda do lugar, como o Bar Lagoa (que eu amo).
Já que falou em SP, o que mais bateu saudade do Rio morando lá por um tempo?
Muita saudade da luz do Rio, de contemplar a beleza; de não ter que estar consumindo algo (mesmo que seja cultura) para me divertir. Ou seja, a natureza. Praia, andar a pé, para cima e para baixo, estar com amigos e família.
Onde levaria a Celina?
Ao Jojo, para tomar um espumante no fim de tarde, no Horto. Poderíamos passar em algum ateliê ou lojinha por ali, antes, para ela gastar um pouquinho com umas coisinhas. Mas também ao Bar do Bira, em Guaratiba, para ela comer um pastel e tomar uma cervejinha.
O que vale tudo para Malu Galli? E o que de modo algum?
Acho que nenhuma coisa justifica qualquer atitude para que venha a acontecer, ou dar certo. O “tudo”, para mim, não dá. Vale isso, ou vale aquilo pra conseguir, ou realizar tal coisa, me parece melhor.
