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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Eduardo Affonso: Seis ideias para tornar este Planeta mais habitável

“Fone de ouvido” (nome provisório) é um fone que se colocaria no ouvido de modo a ouvir alguma coisa em caráter privado

Por Daniela
16 nov 2025, 07h00
ljhuy
 (Gemini/Divulgação)
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Jordan Peterson escreveu “12 regras para a vida”.

Yuval Harari escreveu “21 lições para o século 21”.

Eu, que sou fã dos dois – e muito mais modesto —, deixo aqui minhas “Seis ideias para tornar este planeta um pouco mais habitável”.

1. Inventar o fone de ouvido

“Fone de ouvido” (nome provisório) é um fone que se colocaria no ouvido de modo a ouvir alguma coisa em caráter privado.

Seria muito útil numa academia de ginástica, por exemplo, onde um pode querer fazer esteira escutando Milli Vanilli enquanto o outro faz supino movido a louvor gospel – sem que ambos sejam obrigados ouvir música de academia (música de academia é um estilo tocado nas academias, em volume acima do recomendado pela OMS, para que os alunos sem fone de ouvido se estressem e desocupem logo os aparelhos).

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Com o “fone de ouvido” (talvez “earphone” soe melhor, não sei), cada um ouviria apenas o que quer. Não só na academia, mas em casa, na praia, na piscina, no metrô. É uma ideia um tanto disruptiva, mas tecnicamente viável.

A única contraindicação será a extinção do funk, da sofrência, do pagode e do sertanejo universitário – ritmos que se caracterizam pela necessidade de ser ouvidos por todo mundo que esteja num raio de 500 metros. E da música de academia, claro, permitindo que os que não aderissem ao fone malhassem apenas os músculos, não os tímpanos.

2. Dar um jeito de manter o gosto do pimentão no pimentão.

Arroz tem gosto de arroz. Se você misturar arroz ao feijão, o arroz continuará tendo gosto de arroz e o feijão, de feijão. Por uma falha de projeto, isso não acontece com o pimentão.

Moqueca com pimentão não tem gosto de moqueca, mas de pimentão. Geladeira com pimentão deixa tudo – gelo, ovo, Coca-Cola, lâmpada – com gosto e cheiro de pimentão. Supermercado com pimentão, idem.

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Com o pimentão mais introspectivo, seria possível retirá-lo de um lugar sem que ele continuasse lá dias a fio. Vale para pizza, moqueca, geladeira, estômago.

3. Desenvolver sinais de trânsito que sejam à prova d’água.

Há relógios à prova d’água. Câmeras fotográficas à prova d’água. Guarda-chuvas, capas de chuva e até celulares à prova d´’agua. Por que não sinais de trânsito?

Também conhecidos como semáforos ou sinaleiras, esses equipamentos seriam de grande valia se não fossem suscetíveis a chuvas e trovoadas.

4. Incluir algum produto de R$ 29,90 numa promoção de “A partir de R$ 29,90”.

Promoções “A partir de” que incluam o valor especificado – por que não? Esta semana, caí no golpe da livraria virtual com “Livros a partir de R$ 29,90”, e o mais barato custava R$ 60,00.

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Vale também para a visita do técnico da Net “Das 15h às 18h”. Nunca é às 15h e, frequentemente, é depois das 18h.

Essa novidade renovaria a fé dos consumidores.

5. Dispor, na língua portuguesa, de palavras para “entrega”, “liquidação”, “bicicleta”, “orçamento”, “impressão”.

Com isso, não teríamos de recorrer que recorrer a delivery, sale, bike, budget, print.

Isso daria um apigreide no idioma – já que não temos uma palavra para “melhoria”.

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6. Haver um modo de dizer “eu te amo” sem a gente se sentir desguarnecido.

“Eu te amo” é daquelas expressões que abrem um flanco na alma – e ela bambeia; uma fissura no glaciar – e ele se esboroa. É o cristal que trinca, o vinil que risca, a ave que em voo esquece o que é voar. E “nada será como antes”, como na canção de Milton e Ronaldo Bastos.

Podia ser mais fácil. Não necessariamente com menos sílabas (são só quatro; só três vogais, duas consoantes). Nem é mais complicado que em bengali (Āmi tōmāẏa bhālōbāsi), em javanês (Aku tresna sampeyan) ou em húngaro (Szeretlek).

Sete letras que “botam a gente comovido como o diabo”, feito o “Poema de sete faces”, do Drummond. Ou “A origem do mundo”, de Coubert. Ou a primeira vez que se vê a neve, que se chega ao fim do “Bolero” de Ravel, que se testemunha o prodígio de Baryshnikov suspenso ar.

Podia haver também um jeito de dizer – e não ter medo de voltar atrás.

Eduardo
(arquivo pessoal/Arquivo pessoal)
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