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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Crônica, por Eduardo Affonso: Dia dos Autoenamorados

Já pensou em dedicar a você mesmo o afeto e atenção que reserva pro outro?

Por lu.lacerda
Atualizado em 15 jun 2025, 11h47 - Publicado em 15 jun 2025, 07h10
 (IA/Divulgação)
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Todo 12 de Junho eu me lembro de um tutorial de autoamor (autoajuda é para os ainda têm salvação) que dizia algo como “Já pensou em dedicar a você mesmo o afeto e atenção que reserva pro outro? Faça um date com você. Leve-se para jantar. Ria das suas bobagens. Se conheça melhor. Seja gentil e compreensivo com suas falhas. E, se gostar de flores, se dê flores também. Namore-se!”.

Minha primeira dificuldade em aceitar esse tipo de conselho se deve ao português capenga em que é formulado. Aonde foram parar o “si”, pronome oblíquo tônico da terceira pessoa, e o “consigo”, pronome reflexivo?

Fosse “Já pensou em dedicar a si mesmo o afeto e atenção…”, eu diria que sim, já pensei. Mas tenho juízo, e não me meto mais em certas roubadas.

“Marque um encontro consigo mesmo” eu até encaro, mas “Faça um date com você” — sem chance. Não que já não tenha tentado, mas sempre me atraso, atrasos me irritam, fiquei irritado comigo e isso deitou água fria no date.

Sim, já me levei para jantar. Pedimos o mesmo prato (eu e mim mesmo temos gostos bem parecidos), insisti em pagar a conta e eu detesto que paguem a conta por mim. Pintou um climão. No final, rachamos — no mesmo cartão de crédito – e saímos ambos insatisfeitos.

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Não consigo rir das minhas bobagens. Gosto de ser surpreendido, e — sinceridade? — me acho meio previsível. Tirando uma ou outra atitude impensada e intempestiva (a última foi quando resolvi arrancar eu mesmo um dente de leite que estava meio bambo), nada do que eu faça me espanta mais. E como vou rir de uma piada cujo fim eu sei de antemão? Sem contar que é bem melhor rir das bobagens dos outros quando os outros não somos nós mesmos.

Tentei me conhecer melhor. E preferia ter me poupado de certas descobertas. Minha autoimagem de mim mesmo piorou muito – ainda mais depois de alguns anos de análise.

Fui gentil e compreensivo com minhas falhas. E isso não me tornou uma pessoa melhor — muito pelo contrário: a autoindulgência me estragou de vez.

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Me dei flores. Foi estranho, mas me dei. Era uma hortênsia (na linguagem das flores, “Não me interessais”). Pegou mal pra caramba.

Pois é. Tentei me dedicar afeto, me dar atenção, me chamar para sair, rir das minhas bobagens, ser gentil comigo, me dar flores, quem sabe até me namorar. Mas não sou meu tipo.

E fiquei ainda pior ao me dar conta de que a recíproca é verdadeira. E não há nada pior do que ser dispensado por alguém que não te interessa, né não?

Eduardo
(arquivo pessoal/Arquivo pessoal)
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