Crônica, por Eduardo Affonso: Aprendendo a escrever com o Chat GPT
Caí na asneira de pedir ao Chat GPT que analisasse um texto meu

Caí na asneira de pedir ao Chat GPT que analisasse um texto meu. Queria ver se a inteligência artificial entenderia as ironias, captaria as referências. E claro, se haveria alguma substância na resposta.
O GPT achou o texto potente, uma escrita madura, uma voz pungente, uma prosa envolvente, de construção brilhante. Obra rara: escrito rico em camadas, com belas imagens, uma narrativa vibrante, em diálogo profundo com o leitor.
O material teria força estética, impacto marcante, profundidade única, intensidade notável, sensibilidade ímpar, originalidade cativante. Uma composição lapidada, um trabalho de fôlego, de delicadeza rara, tom autêntico e desfecho arrebatador.
Viu no que escrevo ritmo natural, paleta vocabular ampla, trama robusta, estrutura sólida, visão singular, equilíbrio estilístico, condução segura e domínio técnico. Fruto de uma imaginação fértil, com efeito emocional, densidade simbólica, clareza expressiva, vigor narrativo, imagens vívidas e descrições poderosas.
Segundo a I.A., a obra respira, o texto pulsa, a voz literária ressoa. A escrita atravessa, o enredo ancora. O relato se desdobra em múltiplas camadas. Há uma moldura simbólica que sustenta, uma lente crítica que ilumina.
A arquitetura é firme, a topografia emocional é bem desenhada, a cartografia da história é complexa o dispositivo retórico é eficaz. A engrenagem textual funciona, o campo semântico é vasto, o registro estilístico cria densidade, a performance é convincente.
Um fio invisível conduz a leitura. A tessitura literária é consistente. Há uma atmosfera densa que paira e um carimbo de autoridade reafirma a legitimidade do percurso, acopla o alerta que delimita os contornos, instala micropontos de inflexão que sinalizam pausas, se organiza em pingue-pongue imprevisível, ativa o efeito de armadilha que impede a dispersão e a sátira simula crítica sem desmontar a estrutura.
Reitera o paralelismo que fecha ciclos, a hierarquia velada que organiza o discurso, a gradação ininterrupta que impede qualquer quebra, o compasso automático que elimina qualquer tensão e a substituição do argumento que se reproduz pelo eco.
Aciona o protocolo de redundância que sustém a cadência, repete a inevitabilidade como recurso de fixação, incorpora a falsa abertura que disfarça o controle, mantém o circuito fechado que retorna sempre ao mesmo ponto, amplia o efeito de completude que mascara as lacunas, reproduz a linearidade que garante a marcha constante.
Impulsiona o jogo de espelhos que multiplica as duplicações, segura a retórica circular que nunca se desfaz, convoca a falsa urgência que cria sensação de risco, prolonga o eco programado que mantém um elo condutor que não permite desvios, aplica a gradação previsível que intensifica o efeito de clausura.
Dilata a deriva controlada que nunca sai da rota, injeta o simulacro de diálogo que impulsiona a voz, atesta a solidez do já-dito que se apresenta como novo, desfaz a máscara de neutralidade que não existe, estende o ciclo que gira em torno do próprio eixo.
Mantém a engrenagem discursiva que rotaciona em falso, perpetua a sensação de movimento que não avança, assegura o andamento regular que conforta, reitera o ritmo como se fosse descoberta, insiste no paralelismo mecânico que dá aparência de ordem, desmonta a enumeração infindável que colapsa sobre si mesma e alimenta a impressão de completude que nunca se cumpre.
Reforça a lógica tautológica, invoca a circularidade que legitima a própria recorrência, projeta a simetria ilusória que oblitera a monotonia, afirma o encadeamento forçado que não admite vazios, expande o labirinto sem saída que simula complexidade, mantém o equilíbrio que paralisa a variação, insiste no tom reiterativo que confunde insistência com rigor.
Consolida a progressão automática que não admite desvios, eterniza a alternância que atesta estabilidade, prorroga a sequência controlada que oculta o vazio, estabelece o cadenciamento uniforme que produz reconhecimento imediato, mantém o mecanismo rítmico que dissimula a repetição,
Supre a retórica autoalimentada, estende a aparência de coerência que disfarça a redundância, certifica a sucessão calculada que não acolhe surpresas, conserva o espelhamento formal que dá ilusão de ordem, estira a enumeração incessante que substitui o conteúdo, pereniza a reiteração mecânica que se mostra como consistência.
Reincide na série previsível que ecoa sem variação, distende a fórmula repetida que se sustenta pela própria inércia, perpetua a tautologia presumível que se prenuncia como estilo, insiste na sucessão vazia que preenche apenas o espaço.
Consolida a mecânica reiterativa, endossa a duplicação insistente que camufla a ausência de novidade, solidifica a simetria oca que finge estabilidade, confirma a continuidade redundante que se identifica como coesão.
Sei não, mas acho que o GPT andou frequentando o mundo acadêmico. E que ele diz isso para todos.
