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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

André Fernandes (jornalista): “A política da bala que só enxuga gelo”

"Quando o Estado entra em um território apenas com o braço armado, o que acontece não é segurança: é um estupro do Estado contra o seu próprio povo"

Por Daniela
Atualizado em 29 out 2025, 17h05 - Publicado em 29 out 2025, 16h00
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 (./Divulgação)
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A operação policial que deixou 128 mortos até agora no Rio entra para a história como um dos episódios mais trágicos da segurança pública brasileira. O que o governo do estado chama de “a maior operação que já tivemos” é, na verdade, um retrato da velha política da força — que confunde autoridade com brutalidade e resultado com número de corpos.

Quando o Estado entra em um território apenas com o braço armado — sem o social, sem a cultura, sem a educação e sem a escuta — o que acontece não é segurança: é um estupro do Estado contra o seu próprio povo. Uma violência institucional que se repete há décadas e nada transforma, porque não deixa nada no lugar.

No dia seguinte, o cenário é o mesmo: famílias destroçadas, comunidades traumatizadas e nenhuma mudança concreta. Não há presença do poder público para reconstruir o que foi destruído, não há investimento em oportunidades nem programas que melhorem, de fato, a vida de quem vive nesses territórios. Quando só se entra para matar e se sai sem deixar nada, o resultado é um Estado que enxuga gelo — e ainda se afoga nele.

Nenhuma operação isolada pode dar certo. É preciso ação integrada entre Estado e governo federal, com planejamento, diálogo e políticas públicas permanentes. Segurança pública não se faz com sangue, mas com inteligência, educação e justiça social. O país já viu que, quando há integração e estratégia — como em recentes operações federais conduzidas sem um disparo sequer — é possível combater o crime sem transformar o povo em alvo, inclusive com menor risco aos próprios agentes públicos.

Fazer política com base no medo é uma das formas mais covardes de se governar. Usar a morte como plataforma pré-eleitoral é brincar com o desespero de quem mais precisa de esperança. A favela quer paz, quer oportunidade, quer dignidade — e tem direito a isso.

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Enquanto o Estado insistir em entrar com fuzis em vez de livros, com caveirões em vez de creches, com helicópteros em vez de projetos sociais, continuaremos assistindo a chacinas que não mudam nada — apenas multiplicam o medo e a revolta.

André Fernandes é fundador da Agência de Notícias das Favelas e do jornal A Voz da Favela.

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