Velhas Violentadas: como podemos ajudar contra o feminicídio?
Viemos para denunciar, expor, constranger, desmontar, esfregar na cara do mundo a violência que tentaram botar debaixo do tapete.
Nós, as velhas. As 60+. As que viram de perto o moedor patriarcal funcionar na rotação máxima e que nesta última semana de alta violência entraram em um túnel do tempo. As que levaram tapa, ameaça, cicatriz e seguiram andando — meio tortas, meio duras, mas de pé.
Somos da época do teste do sofá. Fomos criadas para servir e agradar. Mas será que eles acharam mesmo que a gente ia atravessar décadas de violência e chegar aqui mansinha, tomando chazinho e organizando foto de neto? Erraram feio.
A gente veio com sarcopenia, mas com a língua afiada. Com rugas no rosto, mas munição de memórias — memórias que hoje queimam mais que brasa viva. E viemos não só para contar: viemos para denunciar, expor, constranger, desmontar, esfregar na cara do mundo a violência que tentaram botar debaixo do tapete.
Porque, sim, somos sobreviventes de uma guerra não declarada. E estamos fartas de ser campo de batalha.
Lembra da mamadinha “para garantir”, jantarzinho com segunda intenção, dedada sem consentimento, cantada que fede a cerveja quente e o clássico: “fica caladinha?” Se você está chocada, então você não tem 60+. Porque a gente veio de um tempo em que o massacre era normal. Estava escrito no manual não oficial da vida feminina: sirva, sorria, aguente.
Mas aí veio o primeiro sutiã queimado, a pílula, o voto, o divórcio, a internet — e a gente abriu uma fresta na mordaça. Uma fresta só, viu? Porque bastou falar mais alto e eles inventaram novas amarras. Mas a gente continua, meio cambaleante, meio amazona, meio fúria. Tomara que a gente não precise virar um exército de mulheres armadas improvisadamente, mas às vezes eu acho que a paciência coletiva está tão desgastada que um fiapo basta para incendiar.
A gente está aqui para honrar as nossas mortas, erguer as vivas, proteger as próximas, e virar o jogo antes que o jogo vire cova.
Porque essa onda de ódio contra mulher não vai baixar sozinha. E não vai nos engolir. Nós somos maré — e maré sobe quando junta força.
Este é o nosso alerta, bem claro, bem cru, bem direto:
Nós, mulheres 60+, estamos vivas. Lúcidas. Furiosas. E fartas.
Nós denunciamos. Nós lembramos. Nós testemunhamos. E nós vamos revidar — com lei, com política, com barulho, com passeata, com estratégia, com coragem coletiva.
Ao menor sinal de ameaça: grite. denuncie. acerte. junte três, quatro, cinco mulheres. faça escândalo. não deixe passar.
Porque o que mata não é só a violência — é também o silêncio.
E silêncio, meu amor, a gente não usa mais. Virou peça de museu. Como muitas atitudes masculinas. Demodê no último.
#prontofalei
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