
Os velhos dançam, beijam, transam. Ou você acha que só assistimos a séries, tomamos remedinhos e ficamos na fila do INSS atrás do nosso troco roubado? Claro que não. Os maduros estão vivendo. E cada vez melhor. Porque de nada adianta ter uma idade avançada, mas estar de fralda, incapacitado, preso a uma cama. E para isso não acontecer – além da sorte e da genética – estamos nos cuidando nas academias, tomando suplementos, prestando atenção às finanças além do combo exames, musculação, terapia. Mas surgiu uma novidade no cenário carioca. As festas 50+, as tais silver parties. Claro que sempre tivemos encontro de pessoas mais velhas que gostam de dançar, mas tinha aquele ar de casa de repouso, em praça de alimentação de shopping, mulher dançando com mulher – o que nada tem de errado – mas não exalava allure, entusiasmo. Paquera, olhares e arrochos , muito menos. A vida da pegação parecia condenada a existir apenas até os 40 anos. Passou disso já fedia à naftalina. Mas agora o bagulho mudou. Eu mesma sou sócia de uma balada sênior, a FESTA KIKANDO. E tenho dito: é o local onde eu sou mais feliz. Me jogo na pista, danço com todo mundo, emagreço uns 3 quilos só na ginga Travolta e – no meio da loucura que vira o local da dança, vejo muita liga, se é que me entendem. Não estamos mortos. Claro que o viço sumiu, o colágeno derreteu e testosterona diminui, mas ainda temos alguma lenha para queimar. E ela arde no bate-coxa noturno. Vejo casais que se formam ali sem a preocupação de romance. É o it daquele momento. Ninguém quer dormir de conchinha. As pessoas querem sentir prazer, viver o agora . E cantam aos berros “It’s raining men” e “Last Dance”, coreografam “Mamma Mia” e “Saturday Night Fever” e pedem para tocar muito Legião Urbana, Rita Lee, Paralamas. É uma catarse que une mente e corpo em uma representação arquétipa de Dionísio, Terpsícore, Shiva – na maior muvuca juntos. E os grisalhos estão barbarizando nas pistas. Com seus looks ousados, seus passos livres e a sua mente aberta para provar que dançar não tem idade e quem fica parado é poste. Baila comigo?