Louvor à juventude
Já percebeu o quanto amigas entre 55 e 65 estão fazendo plástica? Cansaram de micro procedimentos e querem um rosto mais definitivo, esticado e jovem

Se eu fosse acreditar na mídia que diz que envelhecer pode ser ótimo, eu estaria perdida. Essa babação de ovo para a maturidade saudável me incomoda um pouco. Claro que tento ver o copo cheio, estimulo a minha audiência a enxergar o lado bom da passagem do tempo, mas não passo pano. Essa fala que eu estou muito melhor do que antes e não trocaria os meus muitos anos pela minha mocidade não me pega. Claro que nossa cabeça melhora com o tempo ( para depois piorar com a chegada do “alemão”) mas o corpo fala. Aliás, grita. Tudo ressecado, pelancas nos braços (viu a Xuxa?), pernas em babados, dores em tudo quanto é lugar além da insônia e falta de libido. Vai dizer: não se cuida… tudo bem que não sou neurótica e não tenho milhões para gastar (não existe mulher feia, existe mulher pobre lembra?) mas não quero ter uma cara que não é minha e que nem eu mais me reconheça no espelho. Já percebeu o quanto amigas entre 55 e 65 estão fazendo plástica? Cansaram de micro procedimentos e querem um rosto mais definitivo, esticado e jovem. Vou criticar? Claro que não mas acho que está havendo um imenso louvor à juventude. Eu já nem sei mais chutar a idade que meus pares têm. Uma amiga na aula de dança tem 76 e parece mais nova do que eu. Fico bege, inveja mesmo. Será que eu serei a única gorda e a única desabada do pedaço? Não uso canetinha e no máximo aplico um Botox mas pelada, valha-me Deus. Estou entre as ruínas de Pompeia lambuzada à torre de Pisa e dou de ombros, mas lá no fundo eu penso: o que vai ser de mim se eu realmente durar até os 90 anos? A tal da bleflaroplastia virou ida ao dentista. Filas e filas para operar as pálpebras. E ainda tem esse novo lifting que o cirurgião combina várias técnicas e após cortar, puxar, costurar, colar você fica tipo virgin again. E eu, enquanto escrevo essa coluna, me olho na câmera do celular. Preciso urgentemente de um tapa. Melhor: uma surra. Bateu inveja das novinhas. Me entende?