
A conta chega. E não é barata. Fico encafifada divagando o que poderia ter sido a minha vida se eu não tivesse tomado esse rumo. A cabeça ferve e é inútil. Os pensamentos só nos arrodeiam e confundem a nossa cabeça que já sofre lapsos da menopausa e das glioses da maturidade. Nada fica no lugar pois a gangorra do pensamento é cruel. Ela inventa sucessos inexistentes e estressa os fracassos vigentes. Eu dava de ombros mas agora estou mais sensível. Poderia ter poupado mais? Ficado com aquele boy que me prometeu amor sincero? Ter tido minhas filhas quando eu era mais jovem? Cuidado melhor da minha mãe para que o asilo doméstico no qual nós duas vivemos não fosse tão degradante? Avisei que as caraminholanças eram pesadas. Nada justifica essa névoa macabra e também não tenho a mínima idéia como eu devo soprar para elas irem embora. É um aviso de terremoto, tsunami, terra arrasada. E ainda encaixo o recorte da idade que me grita o tempo todo: você já tem mais vida vivida do que restante. E nessa matemática ácida, volto ao tema das escolhas erradas. Como garantir para as novas gerações, os que virão depois de nós, uma assertividade nas escolhas? Existe isso? A IA consegue responder? E eu fico meio bege, amarelada, empoeirada, corrento atrás do meu rabo, sem enxergar uma saída. Faço caminhada, procuro a luz do sol, danço na academia, finjo normalidade mas a noite a taquicardia ataca, o medo invisível do acaso desprotegido me invade. É caso para Rivotril? Mindfullness? Terapias alternativas ou as respostas estão todas dentro de mim? Simples assim? Eu ando em círculos, tirando zero nessa matéria da vida e meu alicerce balança. O nome disso? Finitude. Não pensem que sou de tristezas, certa melancolia confesso, mas tá osso fazer a influencer positiva. Você me entende?