A Geração sanduíche — e o recheio que somos nós a viver aos solavancos
É aí que a geração sanduíche mostra seu tempero: seguimos. Não por heroísmo — isso é mito. Mas por amor atravessado, amor cansado, amor que reclama, mas faz
Há um momento da vida em que descobrimos, sem aviso prévio, que não somos mais apenas filhos — e tampouco somente pais. Somos a fina camada de humanidade espremida entre duas fatias da existência: de um lado, os filhos adultos que ainda tateiam o mundo com a segurança de quem sabe que você está ali; do outro, os pais envelhecidos, que agora nos devolvem, com mãos frágeis, tudo aquilo que um dia nos deram com força.
Existimos para garantir o apoio emocional dos filhos que têm entre 30 e 45 anos, mas, às vezes, a alma de quinze. Eles ocasionalmente voltam para casa com os ossos cansados do mundo moderno, pedindo colo em forma de transferência bancária ou de um “você pode ver isso pra mim?”. E a gente vê. A gente sempre vê.
Logo depois, corremos para o outro lado — o dos pais, que sempre foram montanhas. Só que agora tremem. Trocam o passo. Perguntam, repetem, esquecem, cansam. Passam a nos olharem como quem busca um corrimão. E nós somos o corrimão. O Google. O motorista. O farmacêutico. O afeto disponível em tempo integral.
Entre essas duas pontas, há o nosso corpo — esse que já não responde tão rápido — e a nossa conta bancária, que tenta acompanhar o fôlego de todos, menos o nosso. Há as planilhas, os boletos, os remédios, as terapias, o supermercado, o IPTU, a taxa de condomínio. E há, sobretudo, o silêncio noturno, quando finalmente nos sentamos e pensamos: quem cuida de quem cuida? Essa pergunta ecoa sem resposta na minha caixola.
Mas é aí que a geração sanduíche mostra seu tempero: seguimos. Não por heroísmo — isso é mito. Mas por amor atravessado, amor cansado, amor que reclama, mas faz. Amor que entende que ninguém nos preparou para esta travessia, e mesmo assim vamos. Eu estou exausta, palpita meu coração em sobressaltos. Será que minha mãe vai morrer hoje? Nos meus braços?
No meio dessa gangorra emocional, descobrimos algo precioso: somos mais fortes do que imaginávamos. Somos mais sábios do que acreditávamos. Aprendemos a celebrar pequenas vitórias — um exame que deu certo, um filho que encontrou trabalho, uma manhã sem urgências, um café quente tomado sentado. Eu vivo de migalhas.
E, às vezes, paramos para respirar. Respirar de verdade, como quem se encontra consigo depois de um longo desvio. E percebemos que, apesar do aperto, há alguma beleza nesse lugar estreito. Porque é aqui que a vida pulsa: na troca entre gerações, no cuidado que circula, no afeto que não envelhece. Mas eu também penso que posso estar sendo Poliana. Continua difícil e pesado. Você também sente isso? Ando em círculos…
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