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Julia Golldenzon

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Casamentos: não cancele, mas remarque

Com a pandemia do coronavírus, profissionais autônomos e microempreendedores do mercado de festas se unem em solidariedade

Por Julia Golldenzon
Atualizado em 10 abr 2020, 17h01 - Publicado em 3 abr 2020, 18h51
 (Rafael Fontana/Reprodução)
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Solidariedade pega. Este é o título da capa da Veja Rio e traduz exatamente o que tenho sentido também nestas últimas três semanas. Por colocar todos nós em uma situação adversa inédita, a pandemia do coronavírus está nos fazendo agir de maneira coletiva. Precisamos pensar não apenas na nossa família, mas no vizinho, no guardador de carro, na manicure, no vendedor de mate – isso para falar de ações imediatas de pessoas do nosso dia a dia que podem estar precisando de ajuda. Mas como estilista, de alguma maneira, diria que esse sentimento provocado pela Covid-19 é quase revolucionário no segmento de casamento.

Todos os profissionais e fornecedores do mercado de festas trabalham a partir do sonho de outras duas pessoas: celebrar o amor com amigos e familiares num lindo casamento. Muitos seriam realizados em março e abril no Rio de Janeiro, em Búzios e na Serra, mas a proibição de aglomerações mudou tudo.

O segmento de casamentos é composto em grande parte por profissionais autônomos e microempreendedores que trabalham lado a lado com o cliente. Os noivos participam da escolha de cada detalhe da festa. É uma atividade muito afetiva por se tratar de uma relação de consumo que chamo de longo prazo, já que às vezes começa até um ano antes da cerimônia.

Mas de um dia para o outro os casamentos de março e abril se viram ameaçados de serem realizados. Cerimonialistas, maquiadores, DJ’s, decoradores, banqueteiros, estilistas, confeiteiros, além dos hotéis, precisaram dar as mãos uns aos outros para propor a cada cliente que adiassem, mas não cancelassem. Esta união foi importante também para convencer algumas poucas noivas, que, muito tristes por verem seus sonhos se distanciarem, não queriam mudar a data, insistindo na crença de que o coronavírus seria resolvido rapidamente. Mas todos sabemos que não foi nem será assim.

“Não cancele, remarque” é um campanha que foi impulsionada inclusive pelo Ministério do Turismo para que as pessoas que planejam alguma viagem não cancelem ou peçam reembolso, mas remarquem ou adiem por um período. O mesmo para eventos e casamentos: é preciso manter a calma e saber que o sonho será realizado logo mais. Será um pouco adiante do que os noivos planejavam, mas vai acontecer. Pedir o reembolso pode prejudicar muitos profissionais e microempresas que já estão enfrentando uma crise sem precedentes em função da pandemia.

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Foi assim que vi o segmento de moda e casamento se unir para trocar informações e formas de sobrevivência. Eu mesma, com mais espaço na agenda por não poder fazer os atendimentos presenciais no ateliê e angustiada com tantas mudanças, pude trocar ideias com as cerimonialistas Raquel Abdu e Manu Gonçalez e com o DJ Alexandre Kahl, pensar estratégias com a decoradora Renata Paraiso e a parceria com a TCD Eventos e Paula Rocha, além de ter a chance de divulgar e ajudar outros colegas como a maquiadora Alê Grochko e a fotógrafa Marina Fava.

Com a compreensão, confiança e apoio dos clientes, teremos alguma chance de atravessar esta crise sem precisar fechar as portas definitivamente. De uma coisa não tenho dúvida: sentir a união e a solidariedade dos colegas do nosso mercado nos motiva a acreditar que será possível.

Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.

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