Safari no Cerrado e muito mais
Observação de lobos-guarás, veados, araras e visuais de perder o fôlego esperam quem visita a Pousada Trijunção
Em Trijunção, quem comanda é a natureza; o relógio de tudo é o sol, e o dia começa começa e termina com ele. Por isso, ainda é madrugada quando começamos o safari pela mata, acompanhados pelos biólogos do projeto Onçafari. À medida que adentramos o cerrado, e o sol começa a clarear no horizonte, os animais vão aparecendo: lobos-guarás, veados campeiros, araras, emas. A experiência é emocionante, e é apenas uma das atividades da pousada Trijunção, que integra um projeto gigantesco e belíssimo que une conservação, preservação e ecoturismo.
Trijunção: projeto para preservação o Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, atrás somente da Floresta Amazônica. É considerado também o berço das águas do país: é nele que estão aquíferos com as nascentes das nossas maiores bacias hidrográficas.
Porém, hoje restam menos de 50% da área original do Cerrado no Brasil, engolido pela maior fronteira agrícola e pela maior área irrigada do Brasil.
Diante desse cenário de beleza e devastação, nasce a Fazenda São Francisco da Trijunção, com um objetivo principal: preservar e conservar esse importante bioma.
A fazenda Trijunção, na divisa da Bahia com Minas e Goiás, tem 33 mil hectares de área protegida – o que equivale a 47 mil campos de futebol, ou 1/4 do município do Rio – e funciona como um barreira ao avanço das plantações de soja, milho algodão e gado. Além disso, ela resguarda ainda as veredas que alimentam o Rio São Francisco.
A pousada surgiu anos depois, com o intuito de ampliar o alcance do trabalho de conscientização e sensibilizar o público. Hoje, Trijunção abarca a pousada, a área de preservação, centros de pesquisa e um criadouro conservacionista.
Quem viaja para Trijunção cai de alma nisso tudo. Safáris, nadar na lagoa, fazer trilhas, observar o céu, os pássaros, ver o sol nascer e se por, e sempre acompanhado de pesquisadores e protetores, são algumas das atividades propostas para o viajante. Uma verdadeira imersão no Cerrado.
A pousada:
Exclusividade, aconchego e sustentabilidade. A pousada Trijunção tem apenas 7 suítes, e foi construída aproveitando a estrutura que já existia de uma antiga casa de fazenda. O projeto traz os tons e materiais do Cerrado e objetos assinados por artistas locais.
Como as antigas sedes, os quartos são organizados em torno de um jardim florido e cheio de pássaros. É uma sinfonia constante.
São 3 categorias de quarto: Master, Premium e Standard, com diárias a partir de R$ 2500 em regime all inclusive, com passeios, refeições e bebidas (exceto vinho).
As suítes são equipadas com cama king size, ar-condicionado, TV com canais por cabo, e têm camas kings size, lençóis fio 600 e roupa de banho Trousseau. A Suíte Premium conta com sala de estar e varanda. A Master possui duas varandas e ofurô.
Há ainda uma piscina com vista para o cerrado, e um spa. O restaurante é um capítulo a parte, comandado pelo chef-executivo Fabian Sasso e com o máximo de ingredientes saindo da horta orgânica da fazenda. O cardápio é inspirado nas culinárias de Minas Gerais, Goiás e Bahia, e há também opções vegetarianas e veganas.
As atividades: Safári no Cerrado
Há várias iniciativas de conservação e preservação em Trijunção. Um dos projetos é Onçafari, que aqui tem como foco o monitoramento e proteção do lobo-guará, animal em risco de extinção. Hoje, há dez deles sendo monitorados na fazenda, e pode haver muitos outros ainda não identificados pelo projeto. São eles as estrelas do safári, feito nos mesmos moldes do africano.
Os safáris acontecem quando o dia raia e no final da tarde, sempre em carros abertos. Ainda está escuro quando a aventura começa e, assim que sol nasce, os animais começam a aparecer. É a vida nas primeiras horas da manhã.
As biólogas do Onçafari vão junto, explicando os hábitos do lobo e todo o trabalho de proteção. Nas mãos, elas levam uma antena, que ajuda a captar o sinal emitido pelos colares do animais. Ao mesmo tempo, elas rastreiam as pegadas do bicho no chão.
Sem dúvida, é o lobo a estrela do safári. Mas além dele, no caminho, é possível observar também veados, emas, araras, cachorros-do-mato e antas. É raro encontrar onças por aqui, mas elas existem. Inclusive a parda.
Nascer do sol na Lagoa da Araras
Chegamos à lagoa ainda de madrugada. O céu nesse ponto o Brasil é um dos melhores para observação de estrelas, e pode-se ver claramente a faixa nebulosa da Via Láctea. A essa hora não venta, e o espelho d’água reflete os corpos celestes, multiplicando a beleza. O ornitólogo Vinícius Viana prepara o barco, e deslizamos com ele até o meio da lagoa.
E então, o céu e o espelho d’água começam a ficar vermelho como fogo, laranja, amarelo. O sol nasce, e dezenas de araras canindés e vermelhas iniciam seus voos, algumas em rasantes sobre as nossas cabeças, grasnando esganiçadas.
Só isso já seria o suficiente, mas aqui tudo é hiperlativo. E, depois do nascer-do-sol, somos servidos com um super café-da-manhã no deque da lagoa. Na sequência, é hora de mergulhar nas águas limpas e deliciosas, e ter tempo para curtir esse lugar até a hora do almoço.
Trilha de Fat Bike
Para quem gosta de pedalar esse passeio é divertidíssimo! O destino é de novo a lagoa, mas agora fazendo um a trilha de fat bike, junto com o botânico Pedro Igor, um fera, para aprender sobre as plantas. O trajeto é uma delícia, e o carro vai sempre atrás, em caso de cansaço e desistência.
Passarinhada
Mais uma vez, o passeio começa antes do sol, e com o ornitólogo Vinícius Viana. Isso porque é no alvorecer que os pássaros começam a cantar, e é encantador a quantidade de sons diferentes que se ouve.
Há uma torre de observação sobre a pousada, e de lá vemos o sol nascer sobre o cerrado. Então, seguimos por uma trilha entre a vegetação, caminhando por cerca de 1h30, com calma e parando para observar as aves de todas as cores e tamanhos.
Aprendemos muito sobre elas. Há pássaros que dançam para conquistar suas parceiras, outros que defendem suas famílias, diferenciamos os pios e grasnos e vamos apurando o olhar e a escuta para, no fim, nos sentirmos completamente integrados nesse universo. Vale ressaltar a variedade de espécies: nessa pequena caminhada, ouvimos quase 50 pássaros diferentes.
Pôr-do-Sol no marco Trijunção
O marco define a divisa exata dos estados de Minas, Goiás e Brasília. Achei que, como todos os marcos, encontraríamos uma linha divisória marcando os limites geográficos e alguma sorte de monumento. Mas não, em Trijunção nada é mais ou menos ou comum. Tudo é escandalosamente especial.
Para começar, o caminho até o marco passa por uma vegetação de altitude. Depois, no caminho, vamos provando frutas e remédios da mata, em uma imersão guiada pelo botânico Pedro.
Ao chegar, a surpresa: o marco fica sobre um morro e, para baixo das colinas vermelhas, o cerrado preservado se perde no horizonte. Para terminar, nesse ambiente especial e super romântico, Trijunção arma uma mesa com champanhe e frutas para selar a experiência.
Criadouro conservacionista
Para completar, há ainda um criadouro conservacionista.
A ideia do espaço é servir como banco de DNA de espécies e também com parceiro de instituições que fazem soltura e reintrodução de animais. Ele abriga mais de 250 animais, entre jabutis tinga, antas, emas, queixadas, veados catingueiros e lobos-guará.
Recentemente, junto com o Refauna, foi feita uma reintrodução de antas na Mata Atlântica, e já está em andamento um trabalho semelhante com jabutis tinga. Da mesma forma, em parceria com o Onçafari, foi feita a soltura de lobos-guarás na fazenda.
Como chegar
Trijunção fica a cerca de 6 horas do aeroporto de Brasília, e a pousada organiza o transfer para os hóspedes (valor não incluso na diária). O terrestre sai a partir de 3400 para 4 passageiros, ida e volta, No mês de julho, a pousada terá um serviço de voo ligando a capital à pousada, e o serviço de ida e volta custará R$ 2200, ida e volta, por passageiro.
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