Um personagem carioca na Copa de 1938 – Domingos da Guia
Domingos da Guia foi o mais talentoso zagueiro do seu tempo, talvez o maior zagueiro brasileiro de todos os tempos. Elegante, com ótimo senso de colocação, Domingos era a antítese do beque de roça. Sua ousadia em conduzir a bola, driblando seus adversários, após um desarme, foi batizada de Domingada pela imprensa esportiva da época. […]
Domingos da Guia foi o mais talentoso zagueiro do seu tempo, talvez o maior zagueiro brasileiro de todos os tempos. Elegante, com ótimo senso de colocação, Domingos era a antítese do beque de roça. Sua ousadia em conduzir a bola, driblando seus adversários, após um desarme, foi batizada de Domingada pela imprensa esportiva da época. Quando jogou pelo Nacional do Uruguai recebeu a alcunha de Divino Mestre. Cria do Bangu, brilhou no Flamengo e no Vasco, além de Corinthians, Nacional-URU e Boca Juniors-ARG.
Domingos era um dos craques da Seleção da Copa de 1938, a primeira em que o futebol brasileiro foi dignamente representado. Depois de superar Polônia e Tchecoslováquia, a Seleção enfrentou a Itália, então campeã mundial, na semifinal. A Seleção já perdia por 1×0 quando Domingos cometeu a mais célebre falha de sua carreira, ao cair na provocação do atacante Piola e agredi-lo dentro da área, longe da bola, mas flagrado pelo juiz. Domingos da Guia morreu garantindo que o jogo estava parado e que a agressão foi um revide, mas a falta de imagens e de testemunhas nos impede de esclarecer a polêmica. O fato é que o pênalti foi marcado e convertido, a Itália venceu por 2×1 e a Seleção teve de se contentar em disputar, e ganhar, o terceiro lugar na até então melhor participação brasileira em Copas do Mundo.
Esse fatídico lance não foi capaz de diminuir o brilho da carreira de Domingos da Guia, mas criou um segundo significado para o termo “Domingada”, que passou a ser usada também para grandes lambanças e não só para ousadas conduções de bola de zagueiros elegantes.