Como a saúde mental influencia antes e depois do procedimento estético
O equilíbrio emocional pode ajudar a escolher com critério o cirurgião plástico, fundamental para a segurança e os resultados
Beleza e saúde mental andam de mãos dadas. Na semana passada, terminei com esta frase a coluna sobre o filme A Substância, estrelado por Demi Moore. Trago esta mensagem novamente porque também, esta semana, o noticiário foi tomado pela triste notícia da morte de uma mulher, em São Paulo, durante uma hidrolipo – técnica de lipoaspiração. A paciente teria contratado o médico cirurgião pelas redes sociais sem ter feito única consulta antes do dia da cirurgia.
Antes de reforçar a importância do fator emocional no processo de uma cirurgia plástica, é fundamental relembrarmos as orientações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para a segurança do paciente. Em primeiro lugar, pesquise se o médico é membro da entidade. Todo cirurgião plástico que integra a SBCP deve ser médico formado com especialização de três anos em cirurgia geral, três anos de cirurgia plástica em serviço credenciado pela SBCP e/ou MEC, prestar e ser aprovado em prova escrita e oral, para então se tornar membro especialista em cirurgia plástica. Em segundo lugar, procure referências, boas indicações e marque uma consulta. A relação medico-paciente precisa ser construída com base na confiança e na segurança.
É importante lembrar que para maior segurança toda lipoaspiração, mesmo a hidrolipo, deve ser realizada apenas em centro cirúrgico, onde há um médico anestesista para aumentar o nível de segurança do procedimento. Tendo em mente que a segurança deve estar em primeiro lugar, é hora de observar a saúde mental no momento da tomada de decisão para realizar uma cirurgia plástica. A primeira consulta é a fase de em que o médico pode escutar as expectativas e necessidades do paciente. Além disso, é fundamental alinhar as dimensões estética, emocional e psicológica, definindo o que é realista e possível. É papel do médico orientar, planejar e comunicar, se houver, limites do procedimento e os tempos de recuperação durante cada fase.
O período pós-cirúrgico é outro momento crucial de adaptação física e psicológica. É normal que as emoções oscilem nesta fase, já que os resultados definitivos levam um tempo mínimo de dois meses até desinchar. Além da euforia por ter realizado a tão sonhada cirurgia, corrigindo aquilo que antes incomodava esteticamente, pode haver também diferentes níveis de ansiedade até que todos o processo de recuperação seja finalizado.
Em geral, cirurgias bem-sucedidas podem elevar a confiança, a autoestima e proporcionar bem-estar. No entanto, estar bem emocionalmente é importante tanto para o sentimento de realização quanto para as decisões que vão levar o paciente a buscar a segurança, que nem sempre são as soluções fácies, baratas e rápidas. Cirurgia plástica é um aliado importante para a autoestima e a saúde mental, mas não deve ser responsável por solucionar questões emocionais mais profundas – por isso, se necessário, é interessante, sim, ter acompanhamento psicológico antes, durante e depois do procedimento, incorporando a terapia ao processo de transformação estética. Como diz o lema: menta sã, corpo são.
Guilherme Ferretti é médico e cirurgião plástico. Membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Atua na cirurgia de contorno corporal, estética, reparadora e lesões de pele e tem mais de uma década de experiência na especialidade da cirurgia plástica reparadora pós-bariátrica. Siga: Instagram e Canal Youtube