Naturalidade é tendência nos procedimentos estéticos
Pessoas procuram resultados mais sutis em tratamentos cirúrgicos ou não assim como as celebridades têm surgido com procedimentos que mantêm a naturalidade
Na contramão das notícias sobre excessos de procedimentos estéticos, que resultam em casos de harmonizações faciais que transformam completamente a fisionomia, há uma corrente contrária. Pacientes procuram cada vez mais tratamentos que preservem a naturalidade. Desejam corrigir questões que os incomodam, mas sem excessos. Há uma demanda e uma tendência por uma estética mais natural com o intuito de realçar a beleza, suavizar marcas do tempo e da idade, mas sem perder os traços individuais.
Basta olhar os tapetes vermelhos para percebermos que a beleza do momento é mais natural. E o mais interessante é que tem sido as mulheres de mais de 50 as que mais tem se destacado em festivais de cinema recentes tanto profissionalmente quanto na beleza. Em Veneza, o prêmio de melhor atriz foi de Nicole Kidman, 57 anos, e o de melhor filme foi para o longa O Quarto Ao Lado, protagonizado por Tilda Swinton, 63, e Julianne Moore, 63. As atrizes apareceram com uma imagem mais natural. Como cirurgião, posso afirmar que fizeram procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos em algum momento, mas todas elas – mesmo Nicole Kidman, que já foi criticada por excessos – agora estão com um resultado mais natural.
Recente artigo publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, trata da influência das mídias sociais na decisão pela cirurgia plástica. É algo recorrente. Quem trabalha com o segmento da estética está acostumado a receber pacientes que têm mulheres famosas como referência. Qual cabeleireiro, por exemplo, nunca teve uma cliente que mostrou uma foto de alguma celebridade porque desejava cortar o cabelo igual? No consultório isso também acontece. Querem o nariz parecido com a de uma atriz, o corpo semelhante ao de uma influenciadora. É compreensível que isso aconteça, ainda mais hoje em dia, quando todos nós somos bombardeados por imagens de pessoas famosas na palma da mão, no nosso celular.
Especialmente quando a área a ser tratada é o rosto, há uma tendência cada vez maior de procurar resultados mais sutis. A grande maioria dos pacientes quer fazer procedimentos, mas sem parecer que se excederam. Tratar com uma abordagem estética menos invasiva e manter a autenticidade é um dos desafios para que em vez de resultados artificiais e padronizados possamos trabalhar a autoestima do paciente para evitar arrependimentos depois.
Neste sentido, há, inclusive, pessoas que fizeram procedimentos que seguiam uma tendência da época, mais excessiva, e que hoje desejam reverter o resultado em busca de uma aparência mais natural. Casos de mulheres que desejam trocar próteses de silicone maiores implantadas em outra fase da vida por próteses menores hoje ocorrem com alguma frequência, mesmo que pouca. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, “entre 2022 e 2023, as buscas por termos como ‘desfazer’ e ‘reverter’ harmonização facial cresceram mais de 90%, de acordo com informações do Google Trends. As pesquisas por ‘como desfazer bichectomia’ subiram 990%, e a ‘como retirar preenchimento labial’ cresceram 260%”.
Nosso papel, como médicos, é acolher os desejos do paciente, entender o que de fato eles gostariam de alcançar e explicar que entre a expectativa e a realidade existe algo chamado: individualidade. Cada ser humano é único, com sua beleza, seu contexto social, estilo de vida e sua rotina.
Guilherme Ferretti é médico e cirurgião plástico. Membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Atua na cirurgia de contorno corporal, estética, reparadora e lesões de pele, com mais de uma década de experiência na especialidade da cirurgia plástica reparadora pós-bariátrica.