‘Doutor, a barriga pode voltar?’

“Doutor, a barriga pode voltar?”. Esta é uma pergunta comum feita por pessoas que estão interessadas em fazer cirurgia plástica motivadas por questões estéticas. A durabilidade dos resultados é algo que não se pode determinar. Pode durar para sempre, considerando, claro, as mudanças naturais da pele ao longo dos anos. Também pode durar um bom tempo, algumas décadas talvez. Ou pode durar pouco, alguns anos somente. Tudo vai depender do estilo de vida do paciente e do seu empenho em cuidar bem de seu corpo e de sua saúde. A manutenção dos resultados está diretamente ligada à manutenção do peso, alimentação saudável e prática de atividade física.

Procedimentos como lipoaspiração, abdominoplastia e contorno corporal, que reduzem medidas, especialmente na região do abdômen, têm realmente resultados espetaculares. O tratamento em si daquilo que incomoda o paciente, como, por exemplo, o excesso de gordura ou a gordura localizada, é um trabalho da equipe médica. São os médicos que orientam, conduzem, executam e acompanham da melhor forma. Porém, a manutenção do resultado nos anos que se seguem depende do exclusivamente do paciente. “Por quê?”, eles costumam querer saber.

Porque o corpo é um organismo vivo. Ele pode, sim, mudar de forma conforme o estilo de vida após a cirurgia. As células de gordura retiradas não voltam, mas as restante podem voltar a encher e pode haver a criação de novas células de gordura. Para manter os resultados por muitos anos ou para sempre é preciso manter o peso e manter também uma boa quantidade de massa muscular, a chamada massa magra. Em resumo, para o sucesso de uma cirurgia plástica é fundamental um estilo de vida saudável.

Para muitos, que já possuem hábitos saudáveis, é uma questão de seguir praticando as mesmas coisas e evoluindo nos cuidados com a saúde, fazendo pequenos ajustes na rotina alimentar e na atividade física conforme a idade e aptidão. Para aqueles que, ao contrário, não têm um estilo de vida saudável é preciso virar a chave ou poderá jogar todo o investimento emocional e financeiro por água abaixo nos anos seguintes. Neste sentido, o resultado dos procedimentos estéticos pode acabar sendo uma mola propulsora para aquele paciente mais sedentário e que se alimenta inadequadamente fazer uma transformação no estilo de vida.

É inegável o impacto da cirurgia plástica na autoestima. Fazer as pazes com o próprio corpo é algo recorrente. Esta mudança se torna um incentivo e contribui para que se faça melhores escolhas nos cuidados com a saúde. A noção de uma elevada autoestima afeta a consciência da importância do autocuidado, de escolher alimentos mais saudáveis e de praticar exercícios, contribuindo para o corpo e também para a saúde mental.

Está tudo interligado. Um nível adequado de atividade física, inclusive, contribuirá não apenas para uma melhor manutenção, mas também para uma melhor recuperação. O tempo médio para retomar a prática de exercícios regulares após a cirurgia plástica é de 40 a 60 dias. Enganam-se aqueles que ainda têm preconceito com a cirurgia plástica e pensam que ela é um recurso usado para pessoas sedentárias para se livrar de quilinhos a mais. A cirurgia plástica anda de mão dadas com a saúde e com o bem-estar.

Guilherme Ferretti é médico e cirurgião plástico. Membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Atua na cirurgia de contorno corporal, estética, reparadora e lesões de pele e tem mais de uma década de experiência na especialidade da cirurgia plástica reparadora pós-bariátrica.

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