Mommy makeover: Qual o limite das cirurgias plásticas combinadas?
Conheça os benefícios, os riscos e as dicas de segurança de fazer mais de um procedimento cirúrgico estético de uma só vez
Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2018, revelou que o Brasil realiza em média, 1,5 milhão de cirurgias plásticas por ano. Algumas destas são realizadas de forma simultânea. Mas, afinal, o que são cirurgias combinadas? Este é o nome dado quando há dois ou mais procedimentos cirúrgicos, estéticos ou reparadores, realizados em uma única internação, ou seja, de uma só vez.
As combinações mais comuns são mamoplastia e abdominoplastia; a lipoaspiração com enxerto de gordura nos glúteos (também chamada de lipoescultura); e, no caso da face, a blefaroplastia com lifting facial. Entre as vantagens para o paciente está a redução do tempo de recuperação, já que mais de um procedimento ocorre ao mesmo tempo, e também uma otimização do investimento financeiro com uma única sessão em vez de duas ou mais. Pode ser mais prático, pode ser mais simples, mas o mais importante é saber se é mais seguro.
Em setembro, a empresária Viviane Lira Monte, de 24 anos, morreu em Sobral, no Ceará, após complicações ao se submeter a seis cirurgias plásticas simultâneas. Segundo sua família declarou à CNN, ela procurou o médico para realizar redução de mamas e lipoaspiração na barriga, mas teria sido convencida na consulta a fazer mais outros quatro procedimentos. O caso ainda aguarda conclusão da investigação, mas chamou a atenção para os limites de segurança de cirurgias combinadas.
Apesar de parecer interessante realizar múltiplos procedimentos de uma só vez, é preciso respeitar as regras que garantem a segurança do paciente. O local onde será realizada a cirurgia precisa ser adequado, e deve-se priorizar a internação em um hospital que tenha UTI, caso seja necessário. O tempo cirúrgico também deve ser levado em consideração, sendo que o ideal é que não ultrapasse 6 horas, pois pode aumentar significativamente o risco de complicações, como infecções e trombose a partir disso. As avaliações do risco pré-cirúrgico devem ser feitas de forma criteriosa para determinar se a pessoa está apta a passar pela cirurgia. E a equipe deve ser qualificada, a começar pelo médico cirurgião plástico (indicações e pesquisa no site da SBCP são importantes).
Um estudo publicado pelo Aesthetic Surgery Journal, em 2009 (uma atualização do primeiro estudo de 2006), analisou a segurança da combinação de dois procedimentos: a mamoplastia e a abdominoplastia. Nos Estados Unidos, esta é uma prática comum de combinação que acabou sendo conhecida como mommy makeover e que se tornou popular por haver uma redução do tempo de recuperação e pela redução de custos. A pesquisa incluiu 268 pacientes acompanhadas durante um período de 10 anos.
A conclusão da pesquisa indica que, em pacientes saudáveis, essa combinação pode ser segura e eficiente, desde que certos critérios sejam atendidos. Entre as conclusões, encontrou-se uma taxa de complicações para cirurgias de mommy makeover combinadas similar às taxas esperadas em procedimentos realizados separadamente.
Combinações excessivas podem comprometer a segurança e o tempo cirúrgico. Quando há o desejo do paciente de realizar muitos procedimentos, recomendo o planejamento por etapas. A cirurgia estética lida com sonhos, e nestas horas, muitas vezes, é importante controlar a ansiedade do paciente para que tudo seja feito no tempo certo, na estratégia certa, sem comprometer a segurança e para que os resultados sejam iguais ou melhores do que ele sonha.
Guilherme Ferretti é médico e cirurgião plástico. Membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Atua na cirurgia de contorno corporal, estética, reparadora e lesões de pele e tem mais de uma década de experiência na especialidade da cirurgia plástica reparadora pós-bariátrica. Siga: Instagram e Canal Youtube