Outubro Rosa: reconstrução da mama ajuda na autoestima e saúde mental
O diagnóstico precoce é fundamental para redução de riscos no câncer de mama, mas cuidar do aspecto emocional e estético após a mastectomia também
É melhor prevenir do que remediar. Não há dúvida de que o ditado popular faz sentido, mas nem sempre é viável seguir ao pé da letra. Algumas doenças, como o câncer de mama, não são tão simples de serem prevenidas e, nestes casos, a forma mais eficaz é o diagnóstico precoce. Estamos no Outubro Rosa, campanha internacional de conscientização, iniciada no Brasil em 2002, com o objetivo de motivar e instrumentalizar a população e os profissionais de saúde para as ações de controle e o cuidado integral relativos aos câncer de mama e do colo do útero, com foco na prevenção e na detecção precoce. Reduzir os riscos no câncer de mama é fundamental, mas precisamos falar também este mês e o ano todo sobre a importância de cuidar do aspecto emocional e, sim, estético, porque estão associados, após o tratamento oncológico e a mastectomia.
O câncer de mama ocupa o primeiro lugar entre as doenças oncológicas – excluindo os casos de câncer de pele não melanoma – que mais acometem mulheres no Brasil. Segundo relatório do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Rio de Janeiro ocupa o terceiro lugar no ranking de incidência de câncer de mama no país. Considerando o triênio 2023-2025, a previsão é que o estado registre 10,2 mil novos casos a cada ano. Ainda de acordo com o instituto, estima-se que em sejam diagnosticados cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama no país ao ano.
Caracterizada por um crescimento descontrolado das células da mama, formando um tumor maligno, o câncer de mama pode atingir tanto mulheres quanto homens, porém é muito mais frequente no público feminino. Apesar de existirem fatores de risco, como histórico familiar, é importante lembrar que qualquer mulher pode desenvolver esta neoplasia.
Emboa ainda não seja possível eliminar completamente o risco de desenvolver a doença, a prevenção está fortemente ligada a dois pilares fundamentais: estilo de vida e à realização de exames de rastreamento. O primeiro inclui hábitos saudáveis em geral como manter o peso adequado, ter uma boa alimentação, praticar atividade física, evitar consumo excessivo de álcool, entre outras. O segundo é se comprometer a fazer exames regularmente, como mamografia e autoexame, para acompanhar e identificar, se for o caso, mudanças relevantes. Além disso, é essencial conhecer o seu histórico familiar e, a partir disso, conversar com seu médico sobre a possibilidade de realizar exames genéticos ou iniciar os exames de rastreamento mais cedo.
O tratamento oncológico normalmente inclui a cirurgia de mastectomia para remoção parcial ou total da mama – sendo que hoje, é possível preservar o mamilo em condições favoráveis a algumas mulheres, quando a região não foi acometida pela doença. Este procedimento é também utilizado como prevenção quando há detecção de riscos importantes de desenvolvimento da doença. O caso mais emblemático de mastecomia preventiva é o da atriz Angelina Jolie, que aos 37 anos, fez a retirada dos dois seios após descobrir que tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama. Antes da mastectomia, ela passou pela cirurgia de “nipple delay”, para preservar o mamilo. E depois da retirada do tecido mamário, a atriz fez a reconstrução com implantes. Em um artigo intitulado “Minha escolha médica”, publicado em 2013, no jornal The New York Times, Angelina dividiu com os leitores sua experiência, quebrando preconceitos.
Em ambos os casos – mastectomia para remoção do tumor ou preventiva –, a cirurgia de reconstrução mamária é uma etapa seguinte importante, porque além da contribuição estética, recuperando o contorno das mamas, ajuda na recuperação emocional, na saúde mental e na autoestima da paciente. Não é fácil enfrentar um câncer de mama e também não é fácil lidar com as consequências emocionais e estéticas mesmo após a cura. É preciso que a sociedade olhe de forma mais empática para pacientes que venceram um câncer de mama, pois existem aspectos emocionais e até certo preconceito da sociedade que devemos combater.
Guilherme Ferretti é médico e cirurgião plástico. Membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Atua na cirurgia de contorno corporal, estética, reparadora e lesões de pele e tem mais de uma década de experiência na especialidade da cirurgia plástica reparadora pós-bariátrica. Siga: Instagram e Canal Youtube