Gilberto Ururahy Por Gilberto Ururahy, médico Especialista em medicina preventiva
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Prevenção ao suicídio: questão de estilo de vida

Uma rotina saudável nos faz buscar soluções para fatores estressantes e nos proporciona bem-estar e segurança

Por Gilberto Ururahy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 set 2020, 10h54 - Publicado em 28 set 2020, 10h29
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  • Recebi o texto abaixo do meu amigo Ricardo Braga, psiquiatra e psicoterapeuta, a quem pedi licença para compartilhar com os leitores desta coluna. – Gilberto Ururahy

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    Prevenção ao suicídio: questão de estilo de vida (por Ricardo Braga)

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    O mês de setembro é dedicado à campanha de prevenção ao suicídio: Setembro Amarelo. É sempre bom enfatizar que o paciente que tenta suicídio não o faz por glamour, não o faz para chamar atenção. No meu saber de psiquiatra, acredito que ninguém escolhe morrer de suicídio. Não se trata de escolha, mas sim de um transtorno, de uma doença mental. Doença que ameaça a vida, doença que mata.

    E como prevenir o suicídio? A única forma de lidar e tratar o suicídio é através da prevenção. Saúde é prevenção. Saúde mental é prevenção. E saúde não vem pronta, é preciso promovê-la e conquistá-la para preservá-la.

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    Um estilo de vida saudável nos faz buscar soluções para fatores estressantes e nos proporciona bem-estar e segurança. A não resolução dos desafios da vida nos mantém sob estresse constante, uma vez que problemas não resolvidos costumam gerar mais problemas tornando a carga de estresse insuportável.

    Dependendo da intensidade, do tempo e da resposta do indivíduo, o estresse se transforma em sofrimento mental. Se ocorrer um sentimento de impotência diante da ameaça à integridade física ou moral ele pode se tornar um adoecimento. E assim, desenvolvem-se os transtornos de estresse agudo e o de estresse pós-traumático. A diferença entre eles é o tempo de atuação do estresse não resolvido e da falta de adaptação. O estresse mantido é forte fator desencadeante de transtornos do espectro afetivo. Destes, a maior incidência de tentativas ou de concretização de suicídio vem da depressão.

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    Podemos pensar o suicídio em quatro etapas: ideação, planejamento, tentativas e o ato final do suicídio, fatal. No entanto, a impulsividade que costuma acompanhar o quadro afetivo, principalmente no começo da melhora, faz com que algumas etapas não ocorram. O início de melhora, com aparente recuperação da depressão, pode ser um momento de maior risco – a medicação antidepressiva pode diminuir o comprometimento da psicomotricidade e o paciente ter maior autonomia para executar o suicídio. A família pode relaxar a vigilância por acreditar que a melhora está sob controle.

    O tratamento do transtorno afetivo se faz com antidepressivos e pode também ser acompanhado por estabilizadores de humor e por moduladores da noradrenalina, lançados no mercado recentemente.

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    O suicídio não tem tratamento, tem prevenção. A prevenção em saúde mental se dá por uma atitude de vida: evitar estresses não resolvidos e a falta de adaptação aos desafios que viver proporciona. Estresses não resolvidos podem manter constante a descarga de noradrenalina que atua no cérebro, responsável por sintomas de hiperexcitabilidades como ansiedade, irritabilidade, impulsividade e alterações de sono. Todos esses sintomas mantidos podem servir como fatores desencadeantes dos transtornos do humor que aumentam o risco de suicídio.

    O tratamento do deprimido e do paciente em risco de suicídio é feito com acompanhamento da família pois sabemos que doença mental não é contagiosa, é contagiante. Todos devem ser orientados pelo médico responsável.

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    A prevenção está no estilo de vida: evitar o estresse, trabalhar para resolvê-lo. O suicídio não nasce pronto, ele se torna suicídio. “É o fim do caminho, o resto do toco”. Precisamos cuidar de nossos queridos familiares: diante de um quadro depressivo, precisamos acompanhar de perto.

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    A depressão é uma doença que pode matar. Mas há uma boa notícia: ela costuma ser benigna e, se bem tratada, evolui com remissão. O paciente bem acompanhado fica bem.

    O final da história pode e deve ser um final feliz.

    Ricardo Braga, psiquiatra
 especialista em psicoterapia individual e familiar.

     

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