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Leia na crônica de Fernanda Torres da semana

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
8 dez 2017, 18h02
 (Isabelle Barreto/Veja Rio)
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Enquanto José Celso Martinez Corrêa luta com Silvio Santos pela preservação do terreno que faz divisa com o Teatro Oficina, em São Paulo, no Rio de Janeiro, Perfeito Fortuna, a quem a cidade deve, em grande parte, a revitalização da zona boêmia da Lapa, tenta, junto às autoridades, que dois lotes da Eletrobrás, vizinhos à Fundição Progresso, sejam liberados para o desenvolvimento de uma escola de plantio de horta urbana.

O imbróglio carioca é menos complexo do que o paulista. Perfeito não pleiteia posse e não há nenhum plano para a construção de espigões nos terrenos baldios há mais de três décadas.

Muitos empreendimentos imobiliários que apostaram na recuperação do Centro do Rio foram pegos pela crise político-econômi­ca que fez a cidade falir. Milhares de salas comerciais continuam fe­chadas, à espera de locatários. A área pleiteada, vizinha da catedral e da Fundição, possui um gabarito de apenas quatro andares e é certo que nada será feito ali.

Perfeito é um homem de soluções, dessas raras figuras públicas dotadas de um poder visionário, que mais faz do que reclama. Sua relação com os povos indígenas do Acre foi o elo que o levou a ­Ernest Gotsch, suíço radicado na Bahia que desenvolveu um método de plantio chamado agricultura sintrópica.

Ernest estudou as relações entre plantas, fungos e animais da floresta e as reproduziu em regiões arrasadas pela pecuária e pelo desmatamento. Plantando de forma escalonada, com árvores nobres circundadas por outras, comestíveis e de porte médio, seguidas de arbustos e, finalmente, de hortaliças cultivadas ao rés do chão, todas alimentadas por podas constantes, o suíço conseguiu recuperar rios e matas exploráveis, onde antes só havia degradação.

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Perfeito, que levou a técnica sintrópica para o Acre, deseja, agora, aplicá-la em praças e terrenos abandonados, com o intuito de criar hortas públicas.

A ideia de agricultura urbana, que humaniza a cidade, minimiza o custo de armazenamento e transporte, além de diminuir o impacto ambiental da produção de alimentos, ganha força mundo afora. Antenado, Perfeito deseja implantar a pequena revolução nas cercanias da fábrica que ajudou a salvar da demolição.

Empresas privadas demonstraram interesse em iluminar e cercar os terrenos — hoje mictórios a céu aberto — e custear uma escola gratuita para o público. No lugar de cimento e cheiro de urina, bananeiras, tomateiros, abóboras, alfaces, ipês, jabuticabeiras, limoeiros e mamoeiros, sementes de inspiração para outras praças e regiões da cidade.

Perfeito, que ajudou a revigorar a noite da Lapa, sonha, agora, em reinventar o seu dia. Num canteiro em frente aos Arcos, como prova da teoria, sua turma já transformou um quadrado seco em um éden produtivo e verdejante.

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