Imagem Blog

Fábio Barbirato Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Psiquiatra infantil
Continua após publicidade

Kate, Gal e eu: quando e como contar aos filhos sobre uma doença grave?

Princesa e cantora tiveram comportamentos distintos perante os filhos

Por Fabio Barbirato
15 abr 2024, 09h29

Recentemente, a princesa britânica Kate Middleton comunicou que iniciaria um tratamento contra o câncer. Ela relatou seu diagnóstico ao mundo depois de, em suas próprias palavras, “explicar a condição” aos três filhos – George, 10 anos, Charlotte, 8 anos e Louis, 5 anos. Já o filho de Gal Costa, em recente entrevista ao programa “Fantástico” disse que a cantora faleceu de câncer sem que o rapaz, de 17 anos, soubesse da condição de saúde da mãe. Comportamentos tão díspares diante da mesma doença fazem pensar: afinal, como e quando contar aos filhos, adolescentes ou crianças, a respeito de uma doença grave?

Pode parecer difícil para alguns pais entenderem, mas o fato é que os filhos têm o direito de saber se alguém da família está doente. Isso porque a doença necessariamente implicará em mudanças na dinâmica familiar. Até mesmo crianças pequenas são capazes de perceber se alguma coisa não vai muito bem. Portanto, alienar a criança e esconder a doença ou suas implicações é uma tolice. No caso da quimioterapia, por exemplo, a criança irá testemunhar a queda dos cabelos, por exemplo. Seria inútil tentar fingir que esse efeito colateral não existe. Além disso, trabalhar com a verdade na relação confirmará a confiança mútua entre pais e filhos. Mesmo que a situação seja delicada, a criança aprenderá que sempre é possível se enfrentar situações adversas.

Os pais, portanto, devem se mostrar abertos a esclarecerem as dúvidas dos filhos e permitirem que eles também expressem seus sentimentos, como medo. Só assim, os adultos tem condições de dar o devido suporte aos menores.

No entanto, é claro que a maneira que o tema será abordado com a criança depende da idade dela. Escolha um lugar calmo e um momento mais tranquilo para essa conversa que não será fácil… mas que também não precisa ser um bicho de sete cabeças! O importante é explicar a situação da maneira mais transparente e clara possível.

Continua após a publicidade

No caso de crianças pequenas, aborde o assunto com simplicidade e sem falar mais do que precisa, usando palavras que sejam de conhecimento da criança. Não é necessário entrar em detalhes neste momento. Ouça o que a criança quer saber e limite-se a responder apenas o que for perguntado. As crianças tendem a reproduzir o comportamento que elas identificam nos pais, portanto, ainda que seja difícil, é importante demonstrar otimismo e confiança.

Parecer forte não significa que você não pode ter seus momentos de fraqueza. É absolutamente normal que pensamentos de dúvidas e medos pairem no seu pensamento e compartilhá-los com os filhos – da maneira certa – apenas reforça o vínculo de confiança que as crianças tem nos pais. Foi-se o tempo em que os pais não podiam parecer vulneráveis aos olhos dos filhos! Isso nos reveste de humanidade e potencializa a ligação emocional entre pais e filhos.

É possível que, após o recebimento da notícia, a criança também tenha algum tipo de alteração no seu padrão de comportamento. Casos de ansiedade, medo, estresse, demonstrações de insegurança e choros podem acontecer. Não é raro também, que as crianças fiquem mais amorosas e próximas, se adaptando rapidamente à nova situação.

Continua após a publicidade

Se diante da nova realidade a criança apresentar uma mudança drástica de comportamento, com insegurança ou medo excessivos, oscilação no humor ou recusa em fazer suas atividades (ir à escola ou atividade extracurricular), é hora de procurar ajuda especializada para o menor.

Dou estas sugestões com conhecimento de causa. Minha esposa, a médica Gabriela Dias, enfrentou bravamente um câncer de mama, felizmente curado. Nosso filho, mesmo criança, entendeu o que se passava na nossa família e foi nosso aliado em todo o tratamento. Sem dúvida, a doença reafirmou e estreitou nossos laços, baseados na honestidade e verdade.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.